O Mistério de Block Island | Tédio “offscreen”


A única coisa que me impede de deixar bem claro o quanto O Mistério de Block Island (“The Block Island Sound”) é uma porcaria e terminar o texto por aqui é… realmente não sei  o que impede de fazer isso, mas deixa eu estender o texto um pouco mais assim você, nosso querido leitor, fica mais um pouquinho aqui com a gente no site.

Mas realmente não vale a pena, nem ficar por aqui e muito menos ver o filme, que surgiu no catálogo da Netflix com uma sinopse que poderia ser até interessante, mas que mostra um resultado que é um poço enorme e repleto de más ideias.

O filme começa com esse pescador (Neville Archambault) acordando em um barco no meio da dita cuja que batiza o filme. Ele parece estar escutando um barulho realmente perturbador saído do rádio, portanto, um mistério que abre o filme e dá um clima bacana. Só isso mesmo.

Chegando na ilha, você irá conhecer o filho do tal pescador, Harry (Chris Sheffield) que acaba tendo que lidar com alguns problemas do pai, justamente, ligado a esses sumiços onde ele acorda no meio de lugar nenhum. Em algum momento disso tudo sua irmã, Audry (Michaela McManus) ainda chega na ilha para investigar as mortes misteriosas de um monte de peixes.

E é só isso mesmo (mais uma vez)… o resto dos 90 minutos de trama não serve para nada, não tem um pingo de estrutura narrativa, foge de qualquer tipo de ritmo e gênero, não sabe lidar com o suspense e só não falha completamente nos efeitos especiais, porque eles não existem.

A história é boba, óbvia e segue por um ritmo tão sem criatividade que dá preguiça, depois sono e por fim raiva. O Mistério de Block Island é um filme de monstro, mas a criatura que você irá enfrentar e o da vontade enorme de largar o filme lá e ir dormir.

Muito disso acontece, justamente, pois o filme não consegue encaixar duas questões muito importantes do gênero: o perigo e as reviravoltas.

Não existe momento nenhum no filme em que você sinta que os personagens estão correndo qualquer risco de não continuarem na história depois daquele ponto. Sorte deles, azar o nosso. Até a única morte que ocorre no filme é cercada com de uma falta enorme de clímax. Talvez o único acerto do filme seja transformar essa morte em um “dispositivo” para ajudar a enlouquecer o protagonista, mas isso acabam menos usado do que poderia.

Justamente, pois não existe reviravoltas, apenas uma trama que vai indo em frente, pois tem um único objetivo, chegar em um paralelo pobrinho e raso que parece ser a razão do filme existir e da profissão da irmã.

Mas por estarmos falando de um filme com pretensões de ser um “filme de terror”, é impossível deixar escapar a percepção da vontade que ele tem de mergulhar em algo quase “lovecraftiano”, mas sem nunca dar um passo dentro do lado mais esquisito e perturbador do autor. A ilha está lá, ela está perto de Providence (cidade natal do escritor), tem um pescador ficando maluco e um barulho que não é possível explicar, mas na hora do monstro, o que sobra é só o tédio “offscreen” e falta de coragem.

Caragem de ser ele mesmo, e também de não preferir uma trama arrumadinha e sem um pingo de absolutamente tudo aquilo que os fãs do gênero gostariam de encontrar em um filme do como O Mistério de Block Island.


“The Block Island Sound” (EUA, 2020); escrito e dirigido por Kevin McManus e Matthew McManus, com Chris Sheffield, Michaela McManus, Neville Archambault e Ryan O´Flanagan


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