Talvez não seja tão difícil entender como Robert De Niro se meteu nesse Os Especialistas.
Primeiro de tudo, o filme dirigido pelo estreante Gary McKendry teria todas as ferramentas para se tornar um thriller de ação divertido e descompromissado, ainda mais quando na ponta do elenco Jason Statham e Clive Owen prometiam um jogo de gato e rato cheio de adrenalina.
Segundo, desde o começo de sua divulgação Os Especialistas parecia ter orgulho de ser baseado em fatos reais, de mostrar essa trama de espionagem que realmente aconteceu, o que, sem novidade nenhuma, é sempre o caminho mais rápido entre o público e o filme.
Diante disso tudo, é realmente aceitável que De Niro não pudesse prever o desastre onde estava se metendo, mas, com certeza, assim como todos espectadores, acabam percebendo isso logo quando as luzes se apagam e o filme mostra toda preguiça possível de compor um contexto decente para o tabuleiro onde se jogará esse jogo com um “O Mundo estava um caos”, em outras palavras: “é real, mas não se preocupem, talvez algumas coisas não façam sentido”.
É ai que entra em cena De Niro em sua quase participação especial, como um mercenário que é seqüestrado por um velho senhor com cara de terrorista/dono de petróleo (com barba e tudo mais) que o usa como moeda de troca para que seu pupilo, vivido por Jason Statham, volte a ativa para um último serviço. O trabalho: vingar seus três filhos mortos por agentes da SAS (uma espécie de serviço especial do exército da Inglaterra). E é ai que entra em cena esse ex-agente britânico (Owen), contratado por uma espécie de “clube de velinhos poderosos” para investigar o que está acontecendo.
Completamente descontrolado, Os Especialistas quase não sabe aonde quer chegar, muito menos de onde vem e como fará esse caminho. Em grande parte de seu primeiro ato, lento e arrastado, o roteiro de Matt Sherring se contenta em ser esse thriller psicológico onde Statham vai atrás de sua velha equipe e planeja o primeiro assassinato, enquanto De Niro discute política com seu seqüestrador e Owen… bom, Owen vaga pelo filme sem muita importância.
Sem conseguir desenvolver ninguém no filme, a não ser um dos parceiros do protagonista vivido por um esforçado Dominic Purcell (aquele da série Prison Break e aqui quase irreconhecível por baixo das costeletas e do bigode), Os Especialistas prefere vagar entre sequências devidamente anunciadas (em certo momento tem a cara-de-pau de colocar na tela “dia de descanso da companhia” enquanto mostra um grupo de militares jogando na praia) do que, devidamente, montar uma trama que faça sentido.
Completamente melodramático, o filme só consegue se mover de um assassinato para outro, enquanto logo esquece de De Niro (e também das “legendas geográficas”) e faz de bobo a equipe de “especiais” (não sei em que sentido da palavra!) de Owen, já que são enganados e ultrapassados a todo instante, o que impede completamente que o espectador se identifique com Statham, já que, na ausência de algum vilão que lhes ameace, torcer para esse grupo de “assassinos de elite” não é a mais fácil das tarefas.
Piro ainda, mesmo com a impressão de ser pouco aproveitado no próprio filme, Statham (entre um par de flashbacks que apresentam sua namorada, ambos dentro de um avião), quando dá as caras não se envergonha de ser imbatível (assim como o diálogo dentro do carro, no começo do filme, faz questão de deixar claro). Nada está em seu caminho a não ser uma trilha sonora alta, que muda de entonação quando ele está em perigo, e sua consciência, já que assassino de elite que se preze tem que ter uma criancinha loirinha (literalmente!) para lhe assombrar.
Mas por um segundo (talvez até menos que isso) Os Especialistas não esconde que poderia divertir, principalmente quando tenta se equilibrar nesse enfrentamento (ainda que psicológico e pouco físico) entre Statham e Owen, dando um certo ritmo, que abandona o filme antes de rumar para uma série de finais sem vontade e entediantes.
Entretanto, discordando do último parágrafo, vontade não falte e o que fazer com ela é que seja o problema, já que Os Especialistas embarca então em um “complexo de inferioridade” que lhe faz projetar em seu resultado algo muito maior do que realmente é, se levando a sério demais e parecendo receoso em deixar que tudo se transforme em um filme de ação puro e simples, com algumas explosões, tiros e a tensão de uma ou outra montagem paralela, e não a pretensão de achar que o material que tem em mãos seria suficiente para atrair (ou surpreender) quem entra no cinema à procura de um pouco de ação.
Bem verdade, Os Especialistas só não percebe esse seu potencial “farofa” por pura cegueira, já que todos clichês do gênero estão lá: as frases de efeito vexatórias (“Todos sabem as regras? Não há regras!”, “como eu sei que ele esta mentindo? Seus lábios estão se mexendo”), o novato que faz besteira e coloca todos em risco, a perseguição pelos telhados e todo resto que divertiria em um filme mais cara de pau, com mais senso de humor e que não fizesse a maldade de colocar Robert De Niro metralhando o motor de um carro e enchendo o peito para afirmar “Don´t Worry, i Just kill the car” *.
*melhor não traduzir, já que até a legendagem oficial do filme resolveu ignorar tamanha imbecilidade.
Killer Elite (EUA, Fra, 2011), escrito por Matt Sherring, dirigido por Gary McKendry, comJason Statham, Clive Owen, Robert De Niro, Dominic Purcell, Aden Young, Yvonne Strahovski, Ben Mendelsohn.
trailer do filme Os Especialistas
1 Comentário. Deixe novo
pior critica do universo, filme perfeito, nota 9,5 , mas critico eh tirado a intelectual, ui tiro, cliche,piadinhas, nao pode!