Por Vinicius Carlos Vieira em 02 de Outubro de 2010
Em tempos que “Crepúsculo” e o vampirismo em geral vêm cada dia mais se tornando uma febre, era de se esperar que, mais cedo ou mais tarde, tudo se tornasse uma grande piada, nesse caso, infelizmente pelas mãos dos pouco interessantes Jason Freidberg e Aaron Seltzer, mesma dupla que tem “Uma Comédia nada Romântica”, “Deu a Louca em Hollywood”, “Espartalhões” e “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” em suas fichas corridas. Portanto, é fácil esperar pelo pior.
A parte ruim disso tudo é que, ao invés dá sátira cinematográfica que eles sempre tiveram em mãos, o assunto aqui poderia ganhar ares muito maiores, já que acaba sendo o retrato de uma juventude perdida em referências, que se contenta, narrativamente, com tão pouco (talvez por uma carência até) que acaba não se importando com o que consome. É obvio que Fridberg e Seltzer nem arranham a superfície disso tudo, e apenas se preocupam em repetir esse malfadado esquema que vem seguindo em seus filmes.
Mas talvez o pior disso tudo, e que muito provavelmente tenha se tornado a maior crítica do filme sem a intenção de seus realizadores, é, não em poucas partes, ser a própria “Saga Crepúsculo”. É fácil, sem quase diferença de contexto, perceber o quanto aquilo é ridículo e olhar para trás e lembrar que é exatamente o que seu original fez. Diálogos e situações, totalmente bizarros e sem sentido algum, que fingem uma seriedade artificial e emocionam os adolescentes fãs de Edward, Jacob e Bella.
A situação fica pior ainda, quando, ao fim de “Vampiros que se Mordam”, muita gente vai descobrir que o resultado, principalmente em sua estrutura, é muito mais conciso que os dois primeiros filmes da “Saga” Em oitenta e poucos minutos de filme, acontecem exatamente a mesma coisa que em quase quatro horas dos vampiros depressivos.
O problema disso tudo é, justamente, não perceber que tem isso em mãos, jogar essas criticas oportunas para o alto e rechear tudo com o maior número de besteiras sem sentido que o filme poderia conter, atirando caoticamente para todos os lados sem, nem ao menos mirar em um alvo. De Lady Gaga a Black Eyes Peas, passando por tudo mais que se imaginar, tudo finge ter lugar dentro da trama, fazendo com que, até alguns pouquíssimos bons momentos, como a playlist do Ipod da personagem e a música depressiva, logo na sequencia, se percam totalmente diante do resto.
Mas talvez haja uma única coisa que realmente valha a pena: a atuação da heroína vivida por Jenn Proske, que chega a cidade do pai e logo encontra a paixão nos braços de um vampiro. Basta dizer que, se houvesse uma categoria no Oscar que premiasse a Melhor Imitação de Kristen Stewart a estatueta iria para a atriz estreante e que acaba sendo a única coisa realmente divertida do filme inteiro. Cada mordiscada no lábio, colocada de cabelo por trás da orelha, suspiro e espasmo de careta é sempre acompanhado de uma boca meio aberta e um olhar perdido no nada, exatamente como a mocinha Bella, o que vai arrancar alguns risos de quem, como diz o pôster nacional, “não agüenta mais filmes de vampiro”.
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Vampires Suck (EUA, 2010) escrito e dirigido por Jason Freidberg e Aaron Seltzer, com Jenn Proske, Matt Lanter, Diedrich Bader, Chris Riggi e Ken Jeong
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