Pânico VI | Mantém o interessa na franquia

Enquanto a franquia Pânico chega em seu sexto filme (Pânico VI), fica a impressão do quanto a série consegue se manter próxima a seu próprio legado. Talvez não em termos de qualidade, mas, com certeza, diante da própria mitologia construída através das décadas. O que é mais que suficiente para a série perdurar por tanto tempo (e não ter previsão de acabar).

Talvez o segredo também esteja na metalinguagem. Desde a ideia inicial de Wes Craven os filmes parecem saber que são filmes e precisam conviver com os clichês e referências. Dito assim parece pouco para comprovar a qualidade de qualquer um dos cinco filmes posteriores ao primeiro, mas poder brincar com o óbvio e aceitar certas reviravoltas estapafúrdias acaba fazendo parte do acordo entre Pânico e seus fãs. Mais que uma suspensão de descrença, quase uma amizade mesmo.

O sexto filme tem absolutamente tudo isso. Menos vontade de permitir que a “tal metalinguagem” dite seu ritmo, mas, ainda assim, arruma um jeito criativo e interessante de homenagear todos outros filmes enquanto “brinca de Giallo”.

O Giallo é um gênero cinematográfico que elevou à prateleira de mestre, cineastas como Dario Argento e Mario Bava e que, entre mistérios e assassinatos, primava não só por soluções exageradas, como um visual chocante e que desvia a câmera do gore apenas depois do incômodo do espectador. Na busca dessa referência visual, os mesmos Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett do último filme, apostam no que talvez seja o mais violento dos Pânicos. O é uma ótima notícia, afinal o resto a gente já sabe o que vai acontecer.

A diferença aqui nem é tão inédita assim, pois o segundo filme já fazia o mesmo e tirava os personagens de Woodsboro e colocava na “cidade grande”. Agora, Nova York, com os sobreviventes do filme anterior tentando viver suas vidas longe do assassino Ghostface. Ainda que a gente saiba que as irmãs Carpenter (Melissa Barrerra e Jenna Ortega) não conseguirão fugir disso. O que vem além disso é spoiler, já que um novo Ghostface cruza o caminho delas e começa a cometer assassinatos enquanto espalha referências aos outros assassinos da série. Portanto, todo mundo devidamente citado e lembrado.

É lógico que o final é mais uma vez um “deus ex machina” fingindo ter deixado dicas que só existem na cabeça do matador enquanto ele esclarece seu plano. Mas também os fãs da série estão acostumados a aceitar esse tipo de final desde que o resto seja divertido. De certo modo, esse sexto filme é.

A direção da dupla sabe criar cenas de assassinatos que misturam tensão e ação, com um assassino que quase nunce é tão infalível assim, mas que agora procura ser sempre mais objetivo e violento do que nos filmes passados (aí o Giallo). Mas ainda assim é difícil em certos momentos acreditar que ele conseguirá matar esse ou aquele personagem, talvez fazendo até com que esse sexto filme tenha a menor contagem de corpos da franquia. Algo que não incomoda, mas tampouco empolga.

Mas talvez nenhum outro Pânico depois do primeiro empolgue. O final do anterior discutindo seu próprio público “de fora para dentro” do filme talvez seja um daqueles momentos que se sobressaem dentro do que é uma mesmice, mas, ainda assim, é apenas um pequeno detalhe dentro das intenções da série. O novo discute o quanto a própria indústria se afoga em continuações e sequências que podem nem mais ter a ver com o original, mas não faz disso seu foco, seu objetivo é mesmo revisitar o que já foi feito através de uma homenagem sincera que, com certeza, agradará os fãs.

Muito provavelmente um cuidado que mantém as ideias desse e dos outros filmes sempre próximas de seu legado. O que já é mais do que a grande maioria dos slashers do cinema consegue fazer e são sempre conhecidos pela desconexão de suas tramas diante do material original, com seus assassinos se tornando maiores do que suas histórias. Ghostface talvez seja maior que o Pânico, mas seus sobreviventes, assassinos por trás das máscaras e “last girls” sempre são uma oportunidade de manter a série dentro de uma mesma ideia. O que é um prato cheio para os fãs e uma oportunidade de todos se importarem ainda mais com elas.

Pânico VI conquista então pela sinceridade com que trabalha a franquia. Sendo novo e ao mesmo tempo previsível no tanto preciso para agradar quem vem acompanhando a série desde 1996 e devem continuar acompanhando a série por mais alguns anos.

“Scream VI” (EUA, 2023); escrito por James Vanderbilt e Guy Busick; dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett; com Mellissa Barrera, Jenna Ortega, Courtney Cox, Jasmin Savoy Brown, Mason Gooding, Skeet Ulrich, Dermont Mulroney, Jack Champion, Josh Segarra, Liana Liberato, Anika Kayoko e Hayden Panettiere

SINOPSE – Sexto filme da série que revolucionou o slasher nos anos 90 continua homenageando a franquia enquanto mais um Ghostface ataca os sobreviventes do filme anterior, só que agora em Nova York.

Trailer do Filme – Pânico VI

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