Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022) | Crítica do Filme

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Imperius Rex

O novo Pantera Negra: Wakanda Para Sempre tinha duas responsabilidades: servir de homenagem para Chadwick Boseman e manter a qualidade do primeiro filme. O legado de Boseman é celebrado com tudo que ele merece.

Não que o filme seja ruim, só não chega nem perto de seus intuitos e mistura um visual incrível e boas ideias com soluções que se perdem em um mar (aqui um trocadilho!) de tropeços. No final, bom, lá adiante, a impressão é só de um filme que durou demais e não chegou a lugar nenhum.

Nunca sendo obrigado a chegar em algo, não uma expectativa, mas com ele próprio expondo uma intenção que expande a discussão principal do primeiro. O roteiro continua nas mãos do diretor Ryan Coogler e de Joe Robert Cole (ambos do primeiro) e agora tenta entender o que significou a abertura de Wakanda para o mundo, principalmente diante da morte de seu rei. Mas a morte de T´Challa não parece ser um grande plano de algum vilão ou luta, mas sim apenas uma batalha que o personagem não conseguiu vencer contra seu próprio corpo. A ideia de humanizar isso e liga-la à morte de Chadwick Boseman é um acerto, mas a história não sabe muito bem o que fazer com isso.

Ramonda (Angela Basset) agora é a nova rainha de Wakanda e precisará encarar alguns países querendo roubar seu Vibranium, ao mesmo tempo que um outro reino misterioso surge dos mares para defender seu próprio Vibranium. Tudo bem, pode ser spoiler, mas esse local sob as águas é liderado por Namor (Tenoch Huerta) e tem suas próprias pretensões.

Talvez o primeiro grande erro do filme esteja já nesse lugar, pois o plano de Talokan (reino do Namor) não é lá essas coisas e tem grandes chances de dar errado. Mas mesmo assim o visual inspirado, a atuação de Tenoch Huerta e as batalhas provocadas por ele, mascaram a burrice da estratégia. Enquanto a duas nações mais poderosas da Terra se enfrentam, o homem branco só assiste, sorte dele, azar dos dois e ainda do espectador, já que o filme demora demais para sair do lugar e quando sai vai para um ponto óbvio e preguiçoso.

Pior ainda, é impressionante perceber o quanto o filme fica inflado e sem ritmo somente pela necessidade de enfiar no meio da história uma trama envolvendo o agente Everett Ross (Martin Freeman), que não serve de lada a não ser para deixa o filme menos colorido.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Imperius Rex

Mas onde está o Pantera Negra nessa história toda? Obviamente Wakanda Para Sempre é um filme de legado, e enquanto a morte de T´Challa é sentida, sua irmã, Shuri (Letitia Wright), precisa equilibrar seu lado tecnológico com as tradições de Wakanda para tentar trazer de volta um (ou uma) novo (ou nova) Pantera Negra. A solução é óbvia, mas porque tinha que ser, porém acaba servindo apenas para empurrar a trama para uma grande batalha final que demonstra a clara incapacidade estratégica de Wakanda. Se não fosse pela vontade dos roteiristas de dar a vitória para um lado, seria impossível que aquilo desse certo.

Em compensação, o filme demora tanto para chegar nesse lugar que o espectador já irá aceitar qualquer bobagem, só torcendo para que aquilo tudo acabe logo.

Entretanto é bom lembrar que Coogler consegue dar ao espectador diversão muito acima da média em absolutamente todas sequências de ação do filme. A batalha em Wakanda é inesperada e cheia de boas ideias e soluções, principalmente por valorizar os personagens diante desses momentos. O que leva o espectador a o que talvez seja o ponto alto desse novo Pantera Negra: Seu elenco.

A ausência de Boseman abre espaço para uma participação maior de Angela Basset e com isso vem mais uma atuação incrível da experiente atriz. Cada momento seu enche a tela com uma atriz que está no mais alto patamar de Hollywood. Raiva e tristeza, heroísmo e fragilidade vivem o tempo inteiro nessa personagem incrível e que rouba o filme para ela. Ainda em Wakanda, mesmo menos interessantes, a dinâmica de Shuri e Okoye (Danai Gurira) funciona perfeitamente bem, ainda que por pouco tempo.

Já do outro lado dessa guerra, Tenoch Huerta encarna um Namor que funciona, tanto no lado vilão, quanto no de líder com tamanho de Deus. Seu personagem sabe de sua força, reconhece sua superioridade, mas nunca deixa a humanidade de lado. Talvez não consiga ser um vilão tão interessante quanto o Kilmonger de Michal B. Jordan, mas ainda assim carrega o filme. Tudo bem, carrega o filme quase para o mesmo lugar, mas aí a culpa é do roteiro, não dele. E falando em KIlmonger e cedendo aos spoilers, sua pequena presença demonstra mais uma vez o quanto Jordan construiu um personagem complexo, poderoso e interessante.

Mas Pantera Negra: Wakanda Para Sempre talvez sobreviva, mesmo meio brega e com mais slow motions do que merecia, menos épico do que gostaria, inflado e comprando a briga com a cor errada da equação. Porém ainda é a continuação de um dos filmes mais importantes do começo do século 21 e isso o coloca por si só em um lugar mais alto. Se sua qualidade não chega aos pés do primeiro, pelo menos sua importância continua escorrendo pelos poros, assim como, infelizmente, se permite ser menor que o legado e a homenagem a Chadwick Boseman, um herói que teve uma carreira breve, mas que deixa seu nome escrito na história do cinema. Tanto dentro quanto fora de Wakanda.


“Black Panther: Wakanda Forever” (EUA, 2022); escrito por Ryan Coogler e Joe Robert Cole; dirigido por Ryan Coogler; com Letitia Wright, Lupita Nyong´o, Danai Gurira, Winston Duke, Angela Basset, Tenock Huerta, Martin Freeman, Dominique Thorne, Florence Kasumba, Michaela Coel, Alex Livinalli e Mabel Cadena.


Trailer do Filme – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

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