Papilllon Filme

Papillon | Impossível não comparar com o original


[dropcap]O[/dropcap] novo Papillon não tem Steve McQueen nem Dustin Hoffman, não é dirigido por Franklin J. Schaffner e nem escrito por Dalton Trumbo. E eu sei que comparar versão nunca é bom, muito menos justo, mas que falta fazem esses nomes nesse remake!

Esse novo é dirigido pelo dinamarquês Michael Noer, que até tenta imprimir o mínimo de estilo em seu trabalho, mas parece se resumir apenas a apontar sua câmera para a ação. No lugar da dupla principal surgem os esforçados, Charlie Hunnam e Rami Malek, mas também sem conseguirem fazer muita coisa digna de nota.

O filme, para quem não sabe, é “levemente” baseado na história real do verdadeiro Henri “Papillon” Charriere (Hunnan), que nos anos 30 foi preso em Paris e levado para essa selvagem prisão na Guiana Francesa para uma pena perpétua. De lá, com a ajuda do falsificador Louis Dega (Malek), ele come o pão que o diabo amassou para conseguir fugir. Lógico, ele escreveu o livro, então não é novidade que ele conseguiu a façanha.

O “levemente”, fica com a parte de o verdadeiro Charriere ter ficado pouco menos de 10 anos preso por lá, também por não haver registro da entrada dele na tal “Ilha do Diabo” do terceiro ato, que na verdade se chama “Isle du Salut” (ou algo como “Ilha da Salvação”). De qualquer modo, ela também não era um local cheio de penhascos, mas sim uma ilhazinha bem comum.

Mas quando a ficção é melhor que a realidade, o melhor é imprimir a ficção. Principalmente no caso do cinema.

Um problema que talvez acabe atrapalhando todo o resto do filme. Falta realidade no novo Papillon. Falta sujeira, violência e aquela impressão de você estar anos encarcerado com esses dois coitados sem futuro. Esse novo filme chega até ao absurdo de ser bonitinho e com um visual lavadinho e sem personalidade.

Papillon Crítica

Falta encarceramento e tempo em que eles sofrem por estarem lá, nem bem chegam à ilha, o filme já parece desesperado para a primeira fuga. Afinal o chefe da penitenciária já deu seu recado e até cortou a cabeça de um dos prisioneiros. Esse novo Papillon acaba sendo então um drama sobre a esperança e a passagem de tempo, mesmo que, tecnicamente falando, seja um pouco corrido demais para deixar essa impressão.

Muita coisa acontece e você fica com pouco tempo para entender o que esses dois personagens estão sentindo. Principalmente ao quase não entender de onde sai o carinho entre eles, uma relação que se fortalece no começo, em razão de dinheiro, mas nunca sai do interesse mútuo e chega em lugar nenhum. E se no final você se surpreender com a decisão de um deles, a surpresa vem por você não entender de onde saiu essa vontade, ou culpa, mágoa, enfim, que sentimento seja, já que é impossível descobrir.

E quando no começo comparo a dupla de hoje com McQueen e Hoffman, é porque é impossível não fazê-lo. Malek não cria um Dega só dele, mas sim vai a busca do personagem de Hoffman, mas falha ao não conseguir imprimir a fragilidade do original. Seu Dega é muito forte e ágil, mesmo tentando se encolher por trás dos óculos. Já Hunnan… bom, se comparar com McQueen é um “jogo perdido”, em Papillon ele continua com a mesma falta de charme que persegue seus últimos trabalhos, uma dureza que faz você acreditar demais na impossibilidade da prisão “dobrá-lo”.

Por isso, por você acreditar demais que eles podem fugir e se dar bem, que Papillon não consegue embarcar na emoção. Ainda mais quando você não consegue tirar o filme original de 1973 da cabeça.


“Pappilon” (RC/Esp/EUA, 2018), escrito por Aaron Guzikowski, dirigido por Michael Noer, com Rami Malek, Charlie Hunnam, Tommy Flanagan, Yorik Van Wagenningen e Ian Beattie.


Trailer – Pappilon

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