Paternidade | Leve, humano e tira o melhor de Kevin Hart

É impossível não reconhecer que certas histórias são mais fáceis de atingir seus espectadores. Um homem sem muita maturidade para ser pai, mas que precisa encontrar essa força ao ter que criar um filho(a) sozinho, é sempre um terreno fértil. Paternidade, novo filme da Netflix é um desses exemplos.

Não que ele vá ser lembrado daqui a um tempo como um dos sucessos desses “sub-gênero”, mas ainda assim é uma opção sensível, eficiente e divertida na medida certa para, pelo menos, se tornar um dos melhores filmes da carreira de Kevin Hart, que deixa de tentar ser o cara engraçado, para abraçar uma humanidade que lhe cai muito bem.

O filme na verdade é a adaptação do best-seller de Matthew Logelin, Dois Beijos para Maddy: Uma História Real de Amor e Perda. O roteiro fica com Dana Stevens (Cidade dos Anjos e Um Porto Seguro), mas talvez seja a presença de Paul Weitz que mais faça bem ao filme. Ainda que Weitz tenha sido o nome por trás do primeiro American Pie, também assinou coisas como Um Grande Garoto, que de um jeito ou de outro, toca um pouco no mesmo assunto.

E por mais que Um Grande Garoto seja muito eficiente, principalmente por tentar contar uma trama melhor estruturada, Paternidade consegue apostar em um outro lado desse tipo de drama, mais solto em termos de narrativa, mas ainda assim conseguindo encontrar grande parte dos mesmos sentimentos.

A comédia tem todo jeitão de um drama bem-humorado, portanto, não espere um riso muito solto. Na verdade, não vai demorar muito para você chorar um pouquinho com Kevin Hart, que vive Matt Logelin, um viúvo que acaba tendo que criar a filha Maddy (Melody Hurd) depois de uma complicação pós-parto que acaba matando a mãe.

A favor do filme tem essa leveza de apenas acompanhar esses momentos que vão construindo essa experiência de paternidade do personagem. Não existem grandes reviravoltas ou antagonismos para empurrar a relação desses dois personagens para nenhum lugar que não seja esse mesmo. Contra o filme aparece, justamente, esse jeitão “sem trama”.

Por mais que isso não estrague muito da experiência, fica claro em certo momento que é preciso fazer a trama andar, mas sem a preparação devida anterior, as ideias soam sempre arrancadas de lugar nenhum. Ao mesmo tempo que é fácil se aproximar dos personagens, acaba sendo complicado engolir certas motivações de finais de atos, momentos onde o filme ainda continua refém de uma narrativa tradicional.

Mas realmente isso não atrapalha o resultado de Paternidade, já que o filme segue sempre divertido, leve, humano e, principalmente, apostando em um melhor Kevin Hart do que geralmente todos estão acostumados. Sem precisar ser o único vetor das piadas, o ator pode construir um personagem forte, sensível e com um humor sutil no lugar, sem nunca o obrigar a ser o alívio cômico. As piadas ficam a cargo da dupla de melhores amigos engraçados vividos por Lil Rel Howery e Anthony Carrigan, sempre ótimos.

Paternidade não irá ser lembrado como um dos grandes exemplos do gênero, mas com certeza é um acerto enorme para quem é fã desse tipo de drama que aceita bem seu lado de comédia. Mas sobre isso, um filme que entrega aquilo que o título promete: uma experiência sobre paternidade e de como as escolhas não precisam serem feitas, mas sim vividas.


“Fatherhood” (EUA, 2021); escrito por Paul Weitz e Daba Stevens, a partir do livro de Matthew Logelin; dirigido por Paul Weitz; com Kevin Hart, Alfre Woodard, Lil Howery, DeWanda Wise, Melody Hurd, Paul Reiser e Anthony Carrigan.


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