Crítica do filme Poltergeist: O Fenômeno

Poltergeist: O Fenômeno

Ainda que pareça repetitivo, todo remake é pensado com dois intuitos: ganhar dinheiro com uma franquia ou marca já estabelecida e apresentar essa mítica para uma nova geração. Ainda há uma terceira possibilidade de acrescentar e melhorar a obra original, mas isso quase nunca é tentado (muito menos conseguido). Portanto não é surpresa nenhuma que Poltergeist: O Fenômeno não tente ser novo e só ataque nos dois outros pontos. Muito menos não é surpreendente que isso tudo dê bem errado.

Mas errado mesmo, daquele jeito que não conquistará os novos espectadores e deixará muito fã do original bem bravo. De modo simples, o roteiro de David Lindsey-Abaire (que também escreveu a bomba Oz: Mágico e Poderoso) conta a mesma história da família que se muda para uma nova casa, descobre estar sendo inportunada por um grupo de fantasmas e acaba lutando contra eles pelo destino na filha mais nova. Mas bem diferente do filme de 1982, nada parece funcionar direito.

E sem medo de jogar as comparações na mesa, é difícil entender quais razões o roteiro tem para mudar grande parte dos detalhes originais. Como se diante do receio de ser comparado forçasse uma série de caminhos que não fazem o menor sentido dentro da trama de Poltergeist: O Fenômeno. Não existe o porquê de trocar nem o nome da pequena Carol Anne para Madison, muito menos a profissão do pai e ainda menos ainda o papel de ambos outros filhos. Todas essas mudanças e ainda mais um monte de outros detalhes pequenos que criavam um cenário sensacional no filme de Tobe Hopper (escrito por Steven Spielberg), aqui são deixados de lado e substituídos por absolutamente nada que seja interessante.

Não existe interesse nenhuma na subtrama do pai sem emprego, ou das repetidas vezes que os personagens se sentem culpados. Muito menos existe necessidade de substituir toda subtrama com as cadeiras da cozinha por um bobo e fraquinho arco com uma bola de baseball, assim como ver a famosa cena da piscina dar lugar a um passeio pelo limbo via um drone é pura imbecilização preguiçosa. Ainda mais diante de uma opção que só funciona graças a mais pura conveniência e cara de pau, já que o pequeno aparelhinho e a câmera são as únicas coisas eletrônicas que funcionam dentro dessa outra dimensão.

E isso vai piorando enquanto o filme vai passando. Na verdade, até um pouco contrário, já que seu ponto de partida é ainda mais falho e não tem a sensibilidade de criar qualquer tipo de calmaria antes da tempestade. Desde o primeiro momento que a família pisa naquela casa, Poltergeist: O Fenômeno prevê a grande maioria dos sustos e situações que irão acontecer. Não existe surpresa a não ser quando o volume fica mais alto ou algo pula em direção à tela, e não é novidade nenhuma que o público atual já deva estar bem cansado desse tipo de subterfúgio frágil.

Poltergeist: O Fenômeno | Crítica do Filme

Essa vontade de mostrar demais ainda destrói um dos detalhes mais divertidos do original, já que no afã de “ser novo” decide passear por dentro do “famoso” armário e não mostrar absolutamente nada de interessante. Com uma solução visualmente pobre e que não chega nem perto do visual aterrado do original, já que nada dá mais medo que aquela imagem criada por nossa imaginação.

Grande parte dessas decisões, curiosamente, acabam caindo no colo do diretor Gil Kenan e de uma aparente vontade de se encaixar nos dias de hoje (no sentido ruim da expressão). Não existe sutileza em seu Poltergeist, então se prepare para dar de cara com brinquedos “fantasmagóricos”, mortos-vivos “fantasmagóricos” e TVs “fantasmagóricas”, mas nada disso que realmente será lembrado depois que o filme acabar.

O “curiosamente” fica por parte de Kenan, justamente, ter estreado no sensacional A Casa Monstro, que finge ser uma animação, mas é um filme de terror engenhoso e incrível. Mas isso não parece ter servido de lição para que ele saiba o que fazer em Poltergeist, que se tivesse seguido o original de modo mais próximo (assim como fez o divertido e acertado Hora do Espanto), sem sombra de dúvida teria não só apresentado esse belíssimo material para uma nova geração, como ainda garantido uma boa grana nas bilheterias.

E principalmente essa segunda oportunidade (de encher os bolsos do estúdio) muito provavelmente não deve vir, pois ninguém sairá do cinema com vontade de indicar Poltergeist: O Fenômeno à ninguém. Talvez até ele faça bem para o original, já que muita gente deve acabar revisitando-o e tendo a certeza que o novo filme é um daqueles famosos exemplos de remakes que não deviam existir.


“Poltergeist” (EUA, 2015), escrito por David Lindsay-Abaire, dirigido por Gil Kenan, com Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Saxon Sharbino, Kyle Catlett, Kennedi Clements, Jared Harris e Jane Adams


Trailer do filme Poltergeist: O Fenômeno

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