Predador: A Caçada | Crítica do Filme | CinemAqui

Predador: A Caçada | Devolve confiança à franquia

Nem é tão difícil assim se destacar dentro da franquia Predador. Depois de quatro “filmes solo” e dois “crossovers” com o Alien, a franquia do extraterreste caçador mais querido do cinema já tinha se perdido faz décadas. O Predador: A Caçada faz absolutamente aquilo que nenhum deles conseguiu fazer: ser ele mesmo.

Na verdade, …A Caçada vai beber lá no primeiro filme, mas com uma vontade enorme de ser algo que ainda não foi feito. Por mais simples que seja. Quase como uma história avulsa, simples, violenta e divertida. Como uma continuação do Predador devia ser desde o começo.

Verdade seja dita, os quadrinhos entenderam essa possibilidade muito antes. São dezenas de séries e histórias fechadas em um único número que lidam com a simples narrativa de um Predador qualquer que chega na terra e busca um de seus campeões para caçar. As histórias com a presença do Batman são ótimas e a com a o Tarzan é uma garantia de diversão.

O novo filme vai nesse caminho. De uma jovem comanche do comecinho do século 18 lutando entre o destino de se tornar uma “médica/curandeira” e uma vontade de ser uma caçadora. Até que vê um “pássaro trovejante” caindo do céu e resolve encontrar o “Muptisi” enquanto enfrenta esse ritual de passagem, o “Kuthaamia”, esse tipo de caçada onde o caçador também é a caça.

E por mais que esse Predador chegue em busca de uma caça, talvez seja a primeira vez na série onde um de sua espécie precise lidar com um inimigo que também está em seu encalço. Consequentemente, “Kuthaamia” para o Predador também.

Predador: A Caçada | Devolve confiança à franquia

A Caçada está sempre nesse lugar onde tudo é simples. O roteiro, parceria do diretor Dan Trachtenberg com Patrick Aison, constrói muito bem o lado da heroína, Naru (Amber Midthunder), e posiciona ela em sua aldeia e tendo que, literal e visualmente, caminhar contra o fluxo das outras mulheres para provar sua força. Ao mesmo tempo, é sua aparente fragilidade que faz com que o Predador desista delas diante de ameaças aparentemente maiores. A jornada de Naru não estará completa enquanto ele não entender suas fragilidades e fazer disso sua força. Bem diferente do extraterrestre e isso é sempre parte de sua derrota.

Mas é a simplicidade desse novo filme da franquia que é sua maior arma. Toda trama cresce de modo direto e ágil. A ação cresce e surge de modo orgânico. O surgimento de um “terceiro lado” dentro dessa briga é importante para a história. E, principalmente, a personagem cresce, além de não ser nunca infalível.

No comando de tudo isso, Dan Trachtenberg dá mais que conta do recado, assim como já o tinha feito em sua estreia nos longas, Rua Cloverfield, 10. Mas agora com muito mais material em mãos para mostrar o quanto dá conta de um filme de ação cheio de grandes cenas de lutas, tiros e uma câmera que está sempre tentando desenhar o melhor dos frames para aquele golpe derradeiro, tiro ou decapitação.

Em seu título original, O Predador: A Caçada não faz referência à franquia, a não ser pelo desenho das letras. “Prey”, como “presa”. Mas não olhando para Naru e sim para o próprio Predador, é ele a vítima. A heroína está em sua jornada, olhando para o futuro em busca do olhar da menina no fim, cheio de esperança e repleto de otimismo, afinal seu futuro não precisa ser aquele que os outros querem, mas pode ser o mesmo da Naru.

Tudo bem, isso não vem intelectualmente escondido por alguma camada, mas sim está ali, na cara, para ser viso e entendido. Assim como o título original. Assim como o filme. …A Caçada não quer se esconder por trás de nada e quer apenas ser um bom, divertido, bem feito e inspirador filme da franquia Predador, indo beber no primeiro não por vontade de ser um remake (não é!), mas sim por saber que o mais valioso da franquia está ali e não basta nada aprender com quem já fez certo. Os quadrinhos já entenderam isso, talvez agora seja hora do cinema fazer o mesmo.


“Prey” (EUA, 2022); escrito por Dan Trachtenberg e Patrick Aison; dirigido por Dan Trachtenberg; com Amber Midthunder, Dakota Beavers, Dane DiLiegro, Stormee Kipp, Michelle Thrush, Julian Black Antelope, Mike Paterson e Nelson Leis.


Trailer do Filme – Predador: A Caçada

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