Relação Explosiva

Parafraseando a série Além da Imaginação, “há uma dimensão além daquelas conhecidas pelo homem, uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito… e lá reinam os filmes assumidamente medianos”. Relação Explosiva está bem no centro dessa “região esquecível”.

Dirigido por David Palmer e Dax Shepard (que ainda acumula a função de protagonista), Relação Explosiva não é bom, mas parece tão desprovido de ambição que seria exagerado considerá-lo ruim, até por que a grande maioria do filme funciona. Funciona apenas o suficiente para que aquela história chegue ao seu final, mas ainda sim funciona. O que já é uma ótima notícia para quem se aventurar nesse parente (longínquo) de “Agarre-me sePuder que vai agradar muita gente.

É lógico que sem o charme da presença de Burt Reynolds e seu chapéu, mas que faz ser impossível não pensar nesse simpático filme do final dos anos 70, aqui, quase homenageado, em um par de perseguições pelo interior dos Estados Unidos, com muito slow motion e vários carros envolvidos no que parece, realmente, ser o ponto de partida de Relação Explosiva. Isso, um bom humor igualmente mediano e uma história tão simples que praticamente não incomoda.

Nela, Charlie Bronson (Shepard) é um rapaz simples que mora em uma pequena cidade do “interior de lugar nenhum”, apaixonado por sua namorada bonitinha, meiga, pacifista e vivida pela sempre simpática Kristen Bell. Mas ela, que dá aula em uma “escola qualquer”, acaba ganhando a oportunidade de dirigir um setor em uma universidade de Los Angeles, o problema é que Bronson, na verdade, faz parte do (famoso) Programa de Proteção a Testemunhas e não pode sair da cidade (e principalmente ir para Los Angeles). Coisa que, obviamente, não é o que acontece.

O interessante desse começo de filme é a calma com que todo esse conflito é apresentado, criando um ritmo até bacana e que conta com a atenção do espectador para, aos poucos, ir montando esse personagem, que maneja uma arma como poucos, dirige um carro com bancos de piloto de corrida e “precisava de um carro com um enorme porta-malas”. Pequenos detalhes que acabam dando ao espectador (que não viu o trailer que, obviamente, conta essa surpresinha) a oportunidade de se sentir valorizado com a oportunidade de voltar atrás para ligar os pontos.

Não que isso revolucione o filme, já que a única coisa que ele procura é um riso quase sutil e um punhado de cenas de ação, mas ainda assim acaba sendo a única parte realmente interessante do filme. Pois logo o passado do personagem volta para atormentá-lo e essa sutileza fica para trás.

Relação Explosiva Filme

Pior ainda, ela acaba dando lugar a piadas tremendamente fracas, como todas relacionadas ao agente responsável pelo protagonista (Tom Arnold em mais um papel descartável) que se repetem demais e acabam tomando o lugar de outros momentos que poderiam ser mais interessantes. Como as várias e prolixas discussões entre o casal principal e ainda um momento divertido em que o vilão, vivido por Bradley Cooper, conta sobre suas experiências no curto tempo que passou na cadeia (e que, infelizmente, também é desperdiçada no trailer).

Mas no final das contas, entre algumas perseguições que devem esbarrar em um orçamento curto e precisam acontecer em grandes e amplos cenários desabitados, Relação Explosiva acaba ganhando muito mais a simpatia do espectador do que o irritando, principalmente para quem conseguir passar ileso por uma orgia envolvendo velhinhos e a até um roubo de um motor sem quaisquer motivos narrativo. Isso por que, ao apostar no olhar apaspalhado do protagonista e no amor “bonitinho” entre ele e a namorada, tudo, realmente, se torna simpático o suficiente para permitir que o filme viva livremente naquela “região esquecível”.

Melhor ainda, que ainda deve lhe garantir um pequeno sucesso nas prateleiras das locadoras (se elas ainda existirem até lá) e, ainda por cima, uma vida longa e confortável na TV, curiosamente nos dois lugares onde o “esfumaçado e o bandido” de Burt Reynolds mais conquistou fãs.


Hit & Run(EUA, 2012) escrito por Dax Shepard, dirigido por David Palmer e Dax Shepard , com Kristen Bell, Dax Shepard, Tom Arnold, Michael Rosenbaum, Bradley Cooper e Beau Bridges.


Trailer

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