[dropcap]R[/dropcap]ir ou Morrer é um filme bobinho que encontra sua graça nos fiapos de personagens que vemos e no baseados bem por cima em fatos reais que ocorreram durante a primeira guerra. Ironicamente é sua leveza que nos deixa imunes ao que pode acontecer com seus heróis.
A história se passa durante os conflitos na Finlândia na Primeira Guerra, quando entre alemães e russos soviéticos, eles ficaram com os alemães. E a parte revolucionária que apoiava os russos, muitos do partido socialista, acabaram virando prisioneiros de guerra. Mas não eram soldados: eram comediantes. Entre o paredão de fuzilamento e uma nova chance eles precisam entreter seus novos líderes.
Realizado com pouco menos que o correspondente a R$ 7 milhões, essa produção finlandesa consegue muito com pouco. Situado em uma ilha, a prisão adaptada possui (quase) um realismo suficiente para a história. Porém, seu roteiro é simplista, teatral, e frequentemente coloca mudanças de humor em seus personagens que parece alterar todo o destino desses ex-combatentes.
Sua estrela é Toivo Parikka (Martti Suosalo), o comediante mais famoso da Finlândia. Ele e sua trupe vão construindo uma peça adaptada para o gosto dos militares, e seguindo filmes do gênero, o resultado inesperado é revelado apenas no final. Enquanto isso vamos curtindo as pequenas reviravoltas que, como citei, vão alterando o destino dessas pessoas: morte ou não-morte. Mas isso cansa e eventualmente fica repetitivo. O tenente no comando parece mudar de opinião sobre o que fazer com os soldados todo tempo, além de que há personagens demais para lembrar.
Feito para o espectador fazer rir, mas não muito, e conseguir através de algum drama bem localizado e com trilha sonora para fazer chorar, Rir ou Morrer é gênero de nicho, feito para o espectador comum. Simpático, terno e esquecível. Assistir entre sessões mais pesadas.
Esse texto faz parte da cobertura da 42° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Suomen Hauskin Mies (Fin/Sue, 2018), escrito por Heikki Kujanpää, Mikko Reitala, dirigido por Heikki Kujanpää, com Martti Suosalo, Jani Volanen, Leena Pöysti.
2 Comentários. Deixe novo
Achei essa sua opinião muito comum. E é comum porque as pessoas frequentemente se ofendem com palavras cujo significado desconhecem. Daí criam uma dicotomia (que não existe no texto) para atacar o que desconhecido, para se sentir bem apesar da própria ignorância. E segue a vida comum, a arte comum, a morte comum. O extraordinário ficou esquecido entre os que se agarram à mediocridade.
“Rir ou Morrer é gênero de nicho, feito para o espectador comum…” ( palavras de um espectador “premium”).
A arte é feita para espectadores comuns, por artistas comuns, para expressar sentimentos comuns.
A arte não é feita para espectadores “premium”.