RocknRolla Filme

RocknRolla | Ainda não é um acerto de Ritchie

Tendo demorado mais que o normal para escrever sobre RocknRolla, não consegui fugir das opiniões da crítica em geral sobre ele, coisa que me deixou preocupado. Enquanto a sua grande maioria, caia de elogios sobre ele, eu me percebi indo totalmente contra. Coisa de um mundo livre.

Porém, antes de qualquer coisa, preciso dar o braço a torcer que essa volta de Guy Ritchie (hoje mais conhecido como ex-da Madonna) para o cinema que o consagrou já é presente para a sétima arte, já que a “Material Girl” parece não ter feito muito bem para sua carreira. O que acontece, ao meu ver, é que essa nova tentativa de se embrenhar pelo submundo da mafia londrina acaba se tornando mais um alívio para o mundo que conhecia o cineasta, do que propriamente um acerto, já que RocknRolla não só é muito pior que suas obra-primas (é, acho isso mesmo) Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch, como acaba se mostrando um filme até, ruim.

Primeiro, por não conseguir segurar a trama em forma de teia como conseguiu nos filmes citados, acabando por resultar em algo chato, complicado e pouquíssimo divertido. O que se pode dizer dela, é que envolve três vigaristas, um roqueiro fingindo de morto, um mafioso, uma contadora pouco escrupulosa e por fim, um empresário russo e seu quadro da sorte, todos se acotovelando dentro de uma história que acaba se tornando pequena para eles.

Já logo de cara, fica fácil perceber que falta uma ousadia maior na hora de criar os personagens, coisa que não acontecia no começo de sua carreira. Fica a falta de uma caricatura maior, ausência que no fim das contas, prejudica o próprio andamento do filme, já que precisa tomar tempo da trama, e até das sequencias de ação, para mostrar ao espectador as motivações deles, e mesmo assim não conseguindo resultados interessantes. É fácil no fim do filme você se perguntar por que tal personagem está tomando aquela decisão, deixando a impressão de uma série de ações desmotivadas, que não combinam com o resto, mas parecem obrigatórias para atar as pontas soltas.

Uma falta total de personagens centrais ainda acaba deixando o filme desestruturado. Mesmo que, obviamente, o trio de vigaristas se apresentem no pilar central do filme, parecem receber pouca atenção do diretor, além de pouquíssimo tempo de tela, já que, aparentemente, a trama precisa olhar para todos lados, dividindo demais tudo. A impressão que acaba ficando, é que a ótima química entre os três seguraria o clima do filme inteiro, já que a interação deles, quando presente, acerta na mosca e diverte, mas no fim das contas acaba parecendo fazer falta.

Ritchie parece apontar todas suas armas para o tal rocknrolla do título, o roqueiro junkie que finge sua própria morte, e acaba não percebendo a enorme irritação que o tal personagem acaba se tornando. Além do jeito esquizofrênico, que acaba dando caminho aberto para qualquer ação, por mais desmotivada dentro do roteiro que ela seja, acaba por chateando por estar demais em cena, ocupando o lugar de personagens que acabam sem importância, como os próprios dois empresários dele.

As boas novas são que o cineasta inglês volta a fazer aquele cinema visual que anda a quinhentos quilômetros por hora, repleto de um humor britânico ácido e sem se levar muito a sério, e nisso, ele volta a acertar. É impossível não dar risadas com todas situações bizarras que o ótimo Gerard Butler precisa passar para acabar o filme, de danças vexatórias (enfase no plural) a um roubo que dá errado ao melhor estilo Guy Ritchie.

Se RocknRolla tivesse sido feito logo após o sucesso de Snatch teria sido execrado, mas como acaba se mostrando uma volta muito bem vinda ao cinema bacana que ele mostrou para o mundo vale o ingresso, ainda mais agora, que sua carreira parece estar voltando aos eixos, principalmente no próximo ano, com sua versão de Sherlock Holmes estreando nas telas. Quem diria que a Madonna faria tão mal para alguém.


idem (GB, 2008) escrito e dirigido por Guy Ritchie, com Gerard Butler, Toby Kebbell, Thandie Newton, Jeremy Piven, Tom Wilkinson, Ludacris, Karel Roden


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