Rua do Medo: 1978 – Parte 2 | O meio não empolga…


Existem duas verdades sobre o meio de uma história. Geralmente ele não tem muitas surpresas, já que o começo abriu as portas e o final ainda deve ser surpreendente, entretanto ele tem mais ação e pode se jogar diretamente nelao, pois não precisa ficar explicando nada. Já quando falamos em franquias de filmes, o segundo é sempre o melhor, pois já tem a atenção do espectador e fica livre para se divertir com ele. Rua do Medo: 1978 – Parte 2 não cumpre esses dois quesitos.

Como a série de filmes foi produzida ao mesmo tempo, volta todo mundo para continuar contando essa história, muda apenas o núcleo de personagens, que como o título já demonstra, foca em 1978 e ganha ares de Sexta-feira 13 em um acampamento onde um dos monitores acaba caindo nas garras da lenda da (suposta) bruxa Sarah Fier. Mas toda trama se escora em dois erros tão gritantes que é difícil imaginar que eles não foram percebidos por ninguém.

Continuando o primeiro filme, enquanto os dois irmãos vão em busca da ajuda da sobrevivente do massacre de 1978, C. Berman (Gillian Jacobs), a escutam falar sobre suas lembranças e, quem sabe, “dar uma mãozinha” para que os personagens do filme inicial salvem a vida da namorada da irmã, agora tomada pela fúria assassina da bruxa.

O primeiro erro grave, e que deve ajudar os espectadores a escorrer para fora da história, é perceber que o roteiro tem realmente a intenção de enganar o espectador sobre qual das irmãs realmente é a protagonista da história: Ziggy (Sadie Sink), ou Cindy (Emily Rudd). E consequentemente que irá sobreviverá ao massacre.

O primeiro problema, logo de cara, é que o roteiro esquece que tentará esconder essa identidade, já que o espectador está acostumado a ver um flashback ser aberto pela versão mais jovem de quem está contando a história. Ele ainda deixa os fãs de David Bowie terem a certeza absoluta que tanto seu apelido de juventude, quanto o nome do cachorro no futuro facilitam essa identificação.

Tudo bem, isso pode ser um detalhe que pode passar para muita gente (principalmente o cachorrinho Major Tom), mas o outro não deve. Ao contar com precisão a história das duas irmãs independentemente, seria impossível que ela fosse uma dela e se manter uma narradora onisciente, já que não poderia contar a história de um lugar onde não estava. No intuito de criar esse suspense de qual das duas irá sobreviver, o roteiro simplesmente comete um dos erros mais amadores e irritantes de um flashback.

Mas tudo bem, isso pode ser encarado como um “ninguém se importa com isso”, principalmente em um filme de terror, mas demora tanto para ele entrar no gênero que talvez você perceba isso. E quando ele entra de cara nele, por se tratar de um acampamento cheio de crianças e tempos (hoje) muito menos corajosos do que 1978, o espectador é jogado em uma avalanche de mortes “off screen”. Já as “mortes claras”, aquelas dos jovens que usam drogas, transam e descobrem segredos de bruxas malvadas, são repetitivas e sem muita criatividade. Afinal estamos falando de um cara com um machado e que só usa ele em suas vítimas, bem diferente da inventividade do Jason Vorhees.

Entretanto, é difícil achar que esse segundo Rua do Medo não quer exatamente só isso mesmo: uma homenagem aos slasher que apenas empurra a trama para o terceiro. São poucas novidades dentro da trama e, principalmente, quase nenhuma novidade sobre as reais intenções da (provável não) bruxa e até de algum tipo de novidade entre a rivalidade entre as cidades. Fica tudo para o terceiro filme, que deve deixar os slashers de lado e procurar a “letra escarlate” de alguma moça que não fez nada de errado, mas que, mesmo assim, será assassinada. Fica a torcida para que as surpresas tenham realmente ficado para o final da história.


“Fear Street: 1978 – Part 2” (EUA, 2021); escrito por Leigh Janiak, Zak Olkewiz e Phil Graziadei, a partir da série de livros de R.L. Stine; dirigido por Leigh Janiak, com Gillian Jacobs, Kiana Madeira, Benjamin Flores Jr., Sadie Sink, Brandos Spinik, Ted Sutherland, McCabe Slye, Jornada Spiro e Emily Rudd


Trailer do Filme – Rua do Medo: 1978 – Parte 2

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