Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis | Crítica do Filme

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis | Divertido, empolgante e (o melhor) cheio de porradaria


É lógico que Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis tem intenções obviamente mercadológicas. O foco no mercado oriental escorre por cada frame do novo filme da Marvel, entretanto, com um resultado tão sincero, divertido e cheio de personalidade, ninguém vai se importar com o único objetivo de ganhar mais umas pilhas de dinheiro.

Até porque, demoraram algumas décadas para que o próprio personagem original deixasse de ser o resultado preconceituoso de uma demanda racial. O “Mestre do Kung-Fu” está andando por aí desde o começo dos anos 70, tanto como a resposta para uma Marvel tentando diversificar seus personagens, quanto aproveitando um pouco o “hype” dos filmes de arte-marciais. Os personagens eram pintados com um amarelo tão gritante que era difícil de não se ofender, mas isso não escondia a diversão, o que fez o personagem se tornar popular rapidamente.

Eram muitas lutas (muitas mesmo, o desenhista Paul Gulacy não encontrava limites para seu trabalho em grande parte do começo das histórias), um visual cheio de estilo e um herói que caminha pelas ruas descalço e apenas com a sabedoria do Kung-Fu, e isso era legal demais. Porém, não esperem muito disso no novo filme da Marvel… a não ser as lutas, elas estão lá e valem o filme.

A história também é um pouco mais leve e moderna, sem focar muito nesse herói perdido no mundo e colocando o interesse não em um revanchismo do pai contra o filho (das HQs) e muito mais na vontade de Shang-Chi (Simu Liu) de fugir de seu passado. Infelizmente, sua nova vida em São Francisco é interrompida por um grupo de assassinos ninjas enviados por seu pai (Tony Leung), que é uma espécie de “war lord” com centenas de anos.  Mas a intenção do pai tem até um pontinho de esperança e não é só dominar o mundo, o que dá uma profundidade interessante à história toda.

Mas não se empolguem com nada disso, o objetivo do filme é porradaria. O roteiro de Dave Callaham, Andrew Lanham e do próprio diretor Destin Daniel Cretton está só interessado em amarrar as cenas de luta em uma trama que, tanto faça sentido, quanto faça os personagens mergulharem em um mundo de magia ancestral com referências chinesas e que abre ainda mais portas para o MCU.

Os “dez anéis” do título é o mesmo dos filmes do Homem de Ferro, e o jeito que arrumam toda essa bagunça é divertido e sem muitos problemas para o espectador. Isso é logo tirado de lado e fica para o diretor a responsabilidade de fazer de Shang-Chi um grande filme de lutas marciais que consegue homenagear, praticamente, todos estilos de filmes do gênero que já divertiram os fãs.

Portanto, podem anotar, lutas urbanas, duelos no meio de florestas com bambus para todos os lados, gente voando com cabos, exércitos medievais, monges, criaturas místicas e até um clube de luta clandestino cheio de caras já conhecidas e “easter-eggs”. Cretton demonstra saber onde está pisando em cada sequência, então seu filme não fica fixo em uma personalidade, mas sim em várias. O resultado é a diversão dos fãs do gênero, com coreografias claras e empolgantes, golpes cheios elegância e um ritmo eficiente.

Shang-Chi não faz muito, mas o que faz, é bom. É lógico que quer conversar com o público oriental e encherá o bolso de Renminbi (moeda corrente chinesa). Mas isso não quer dizer que os dólares, reais, yens etc., também não estejam no foco da Marvel, até porque, quanto o resultado é um filme de porradaria com tudo no lugar, vai, com certeza, agradar os públicos de qualquer canto do mundo.


“Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings” (EUA, 2021); escrito por Dave Callaham, Destin Daniel Cretton e Andrew Lanham; dirigido por Destin Daniel Cretton; com Simu Liu, Tony Leung, Awkwafina, Ben Kingsley, Meng´er Zhang, Fala Chen, Florian Munteanu e Michelle Yeoh.


Trailer do Filme – Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

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