Ta Rindo Do Que? Filme

Tá Rindo do Quê? | Apatow cresceu e se tornou um chato

Judd Apatow, aquele mesmo que ilustra seu nome em nove entre dez comédias de sucesso na última meia década senão como diretor (Virgem de Quarenta Anos e Ligeriramento Grávidos), como produtor ou roteirista (Superbad, Segurando as Pontas e O Âncora) parece ter crescido, e Tá Rindo do Quê? é o resultado dessa maturidade. Infelizmente um pouco demais, se tornando um velho chato.

No filme, um comediante ultra bem sucedido, vivido por Adam Sandler, descobre ter uma doença em estado terminal com pouquíssimas chances de cura, tendo que enfrentar os resultados de um vida solitária e uma falta de perspectiva, até que contrata um, não tão habilidoso, aspirante a comediante, vivido por Seth Rogen, como seu ajudante e só. Assim mesmo meio tedioso e sem objetivo.

Uma história que parece ser uma tentativa de um filme sério sobre stand-up comedy, cheio de referências e piadas sujas, mas que acaba se tornando um comédia sem graça e melancólica demais. Apatow tenta se distanciar daquele humor pronto e fácil de seus outros filmes para tentar criar algo, talvez, mais refinado, mas só encontra o desastre. É preciso dizer que essa tentativa até cria alguns bons momentos, como na consulta onde a dupla de protagonistas tiram sarro do médico, ou nas cínicas participação de Eminem e James Taylor, sem contar com o ótimo trabalho de Eric Bana, que parece demorar um pouco para chegar na história, mas é a única coisa que realmente presta no filme. Tudo isso, muito pouco diante de um longuíssimo filme de duas horas e vinte.

Enquanto funciona, um pouco, como comédia, não parece dar nenhuma pinta de ser dramático, tanto pela falta de mão do diretor em criar uma única sequencia mais série, quanto por uma história sem objetividade, com uma trama que não sabe aonde quer chegar até lá pela primeira hora de filme. Tão preocupada em desenvolver seus personagens que se esquece de dar um sentido para eles, criando um desfile de piadas sem uma amarração entre elas, sem uma situação mais interessante para elas serem usadas. Na verdade, até mal usadas, já que muitas delas parecem surgir em momentos, que pelo menos deveriam ser, totalmente dramáticos das trama, tornando-a esquisita e sem personalidade.

Tá Rindo do Que?

Essa falta de forma fica ainda mais clara quando o filme se recusa a apontar um protagonista, polarizando demais a trama entre os dois, e o pior, não deixando nenhum deles simpático o suficiente para carregar o filme, coisa que provavelmente caberia a Sandler, não por ser uma figura mais conhecida, mas sim por ele ser, supostamente, o centro da trama. O que causa estranheza já que o roteiro parece não permitir que, em nenhum segundo sequer, o espectador goste do personagem: egocentrico, ignorante, mesquinho, sexista, manipulador e extremamente chato, coisa que, convenhamos, não combina tanto com um protagonista. Do outro lado, Rogen tem em mãos aquele mesmo perdedor que interpreta em todos outros filmes, só que desta vez um pouco mais idiota e sem atitude.

A antipatia com o dois chega a tal ponto que o espectador provavelmente concordará com a vizinha que resolve trair Rogen com o próprio amigo dele, que piora quando ele simplesmente perdoa o amigo como se aquilo fosse corriqueiro e chega ao extremo quando você simplesmente fica triste ao descobrir que o personagem de Sandler não vai mais morrer, não só por saber que vai ter que encarar mais um tempo daquela tortura, mas por você simplesmente não aguentar mais seu jeito irritante.

Tá Rindo do Quê?, no fim das contas, é uma comédia que se sente na obrigação de ser dramática, que, principalmente, não sabe dialogar com assuntos pertinentes com um humor escrachado e abusado (coisa que Apatow fez perfeitamente bem em seus outros dois filmes), sem ser melancólico. Um filme que finge ser sobre uma superação e todas aquelas lições que vem com ela, mas que não faz questão de seus personagens aprenderem isso, criando apenas um filme amargurado e monótono, muito longo e sem ritmo. Que um pouco mais equilibrado entre os gêneros resultaria até em uma experiência interessante, mas que aqui se torna uma experiência chata.


Funny People (EUA, 2009) direção: Judd Apatow com: Adam Sandler, Seth Rogen, Leslie Mann, Eric Bana, Jonah Hall, Jason Schwartzman


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