Existe cinema e existe picaretagem. Tsili, novo filme do diretor israelense Amos Gitai ainda que esteja na primeira categoria, pende tanto para a segunda faz ser difícil qualquer analise menos irritada.posts

É lógico que Gitai tem um baita olho para aquela plasticidade que faz o cinema ser uma arte tão bela e sensível, mas a impressão que fica é de uma vontade tão grande de desconstruir a linguagem que o que sobra é uma enorme e prolixa porcaria pretensiosa.

Uma prepotência com sua história que passa o limite do rebuscado eTsili Poster dos significados e aterrisa somente no terreno da chatice. Tsili pode então ser apreciado como obra hermética que foge do olhar comum, em resumo: pura pretensão.

Na história, que você só consegue desvendar completamente se leu a sinopse oficial, uma mulher, Tsili, foge de sua aldeia durante a Segunda Guerra Mundial e passa a sobreviver no meio da floresta, até que encontra um outro sobrevivente, Marak. Só isso mesmo, ainda que a sinopse ainda diga que o tal homem fugiu um dia qualquer, mas isso não acontece direito no filme.

Pior ainda, nessa busca desesperada para tornar o filme “artístico”, Gitai embaralha o tempo do filme, acaba tudo com uma espécie de flashback do que levou-a ao “exílio”, e usa uma troca de atrizes como subterfúgio para “representar” as duas fases da personagem. Ainda que isso não queira dizer absolutamente nada e soe mais como um pegadinha do tipo, “quero ver quanto tempo você vai demorar para descobrir que a atriz mudou!”.

E quando excesso de falta de significado nunca é demais, qualquer sequencia ou plano que pudesse durar 30 segundos consegue ser estendido para minutos ou dezenas de minutos. Para entender que Tsili está pegando gravetos para fazer uma fogueira ou simplesmente comendo folhas secas, bastariam alguns segundos, todo o resto do tempo que fica “apreciando” isso é pura enrolação e falta do que colocar na tela.

Tsili Crítica

O que faz com que imediatamente venha à cabeça o twainês de 2013, Cães Errantes e seus planos parados de 20 minutos. Um tempo que serve para o espectador refletir e tentar entender o que se deu até aquele momento, diferente de Tsili, que você vai observá-la por um longo tempo logo nos primeiro e entendiantes 20 minutos de filme (não que os outro 60 e poucos não sejam igualmente chatos!).

E ainda que Gitai na maioria do tempo mostre o quanto consegue encontrar a sensibilidade de uma lágrima ou a plasticidade de suas composições (no começo todas são belíssimas!), não percebe o quando se descontrola no exagero de seus objetivos cinematográficos/artísticos.

É fácil então torcer o tempo inteiro para que Tsili saia do meio da floresta e tenha uma morte digna indo em direção aos tiros e explosões que servem de trilha sonora para o filme. Ou que pelo menos o espectador tenha o mesmo destino antes que Gitai mude de cena e comece tudo de novo.


“Tsili” (Isr/Fra/Rus, 2014), escrito e dirigido por Amos Gitai, com Andrei Kashkar, Leah Koenig e Adam Tsekman


Trailer – Tsili

*CinemAqui foi convidado pelo Cine Roxy para cobrir a Itinerância
roxy-destaque

 

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