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Você não quer saber se a CIPA é uma doença real e se suas características são aquelas mesmas. Não importa, principalmente porque Novocaine – À Prova de Dor pede para você confiar nele e em todas suas ideias para mergulhar em um filme de ação divertido, violento e romântico.

Na verdade, Novocaine é levemente baseado no filme de ação indiano de 2018 “Mard Ko Dard Nahi Hota”, sobre um cara que tem uma condição rara onde ele não sente dores. O resto do filme original não tem nada a ver com o americano, nem a premissa é semelhante, mas a ideia é uma desculpa criativa para o personagem ser agredido durante toda duração da história, mas sem perder a compostura.

Mas talvez esse novo vá mais longe que o indiano (que é uma bagunça!) e foque em criar dois filmes bastante separados entre si. O primeiro é curto, esse quase romance entre o protagonista, Nate (Jack Quaid) e Sherry (Amber Midthunder), nova caixa do banco onde ele é gerente. Esse primeiro filme não dá pistas do segundo, mostra apenas o quanto é complicado para ele se relacionar com um mundo onde tudo pode matá-lo e ele nem perceber que está morrendo.

A ideia do roteiro de Lars Jacobson é clara logo de cara: Ele não sente dor, mas terá uma decepção / preocupação com seu novo amor que fará com que ele sinta mesmo uma dor, no coração. Sim, parece brega, mas quando, surpreendentemente, a trama é interrompida por um grupo de ladrões que assaltam o banco, levam Sherry de refém e fazem com que Nate, sem pensar nem por um segundo, vá atrás deles em uma perseguição à lá John Wick, o que era brega dá espaço para um monte de ação.

“À la John Wick” só para valorizar a ideia, porque parte do interessante da situação é que Nate é um personagem completamente fisicamente inepto para ser um herói de filme de ação. Quaid é perfeito para o papel e já provou mais de uma vez que pode ser esse “cara padrão e sem graça” em um monte de filmes e também na série The Boys, mas aqui ele vai além, já que tem a possibilidade de ir deteriorando seu corpo a cada adversário que encontra. Sem dor, o que sobre é diversão.

Nessa hora, a dupla de diretores Dan Bark e Roberto Olsen acertam na mosca ao criarem um clima que, muito rapidamente, passa a não se levar a sério, já que a única vantagem que o personagem tem a seu favor é sua condição, então é preciso chegar no limite disso. Do lado de cá da tela o espectador será, com certeza, surpreendido com um monte de momentos absolutamente aflitivos e nojentos enquanto Nate é queimado, quebrado, furado, torturado e o que mais for possível imaginar. Mas se em um filme de ação normal você já acredita que o protagonista em busca de vingança tem mais força de vontade do que tempo para pensar em sua dor, aqui a ideia é literal e conquistará os espectadores.

As cenas de ação surpreendem, pois é inesperado um herói que não se importa de ser atingido por uma flecha, tiro ou faca, então a decisão de colocar as cenas de ação em locais propensos a essas possibilidades dá vida ao filme e faz dele algo único, mesmo tão perto de um punhado de clichês. E cada vez que tudo vai mais longe, mais os diretores demonstram o quanto tem vontade de divertir seu público com uma comédia que perpassa absolutamente todas cenas e situações.

E se Novocaine dá uma leve enroladinha ali pela sua metade, quando se torna um pouco mais lento do que devia, afinal tem poucas cenas de ação à mão e não está a fim de fazer um média metragem, ainda assim o filme logo volta ao seu rumo e diverte o fã que estiver preparado para um filme de ação sem muitas pretensões além da premissa criativa.

Não um grande filme, apenas um filme que sabe os seus limites, exagera na violência e em certo gore para divertir e brincar realmente com a ideia de que um cara que não sente dor sentirá a maior dor de sua vida quando perder seu grande amor. Mas para isso não acontecer, ele irá brigar muito, além do limite do ser humano normal, mesmo que isso faça com que ele chegue ao final em frangalhos. Mas é por uma boa intenção, e essa “boa intenção”, o espectador vai comprar e se agarra nela até o final de Novocaine.

Sobre a CIPA, em português ela é chamada Insensibilidade Congênita à Dor, é absolutamente rara e pode acontecer a um em cada 25 mil nascimentos. A doença é real sim, assim como o amor de Nate por Sherry, e você vai acreditar em ambas situações enquanto acompanha esse “herói” incomum lutando para salvar seu mundo.


“Novocaine” (EUA, 2025); escrito por Lars Jacobson; dirigido por Dan Berk e Roberto Olsen; com Jack Quaid, Amber Midthunder, Ray Nicholson, Jacob Batalon, Betty Gabriel, Matt Walsh, Conrad Kemp e Evan Hengst


Trailer do Filme – Novocaine – À Prova de Dor

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