É realmente impossível falar de Vai que Dá Certo sem se permitir qualquer trocadilho sequer, principalmente por que a grande intenção filme passa, justamente, por isso. Por que não juntar um punhado de comediantes que estão na crista da onda, com um galã global simpático e dar na mão de um diretor de TV tarimbado? Vai que dá certo!
A propósito essa mistura acaba nem dando tão errado assim. Por mais que tenha diversos fatores que o colocariam em risco, como a presença do “expert em desastres” Bruno Mazzeo ou até a direção engessada de Maurício Farias (das séries A Grande Família e Entre Tapas e Beijos), nenhum dos dois acaba “aparecendo” tempo suficiente para atrapalhar o resultado final. O que faz, no final das contas, dessa comédia descartável um passatempo que, justamente, só consegue fazer o tempo passar.
Nele, um grupo de quatro amigos de infância, na beira dos 30 e com a impressão de não terem feito nada que prestasse em suas vidas, acabam aceitando o convite do primo de um deles para um “trabalho” envolvendo o roubo de um carro forte. Como os quatro amigos são vividos por Felipe Abib (que viverá o “famoso” Geremias na adaptação de “Faroeste Caboclo”), Gregório Duvivier, Danton Mello e Fábio Porchat, e o amigo do primo por Lúcio Mauro Filho, é óbvio então que todo esse plano termina em um monte de confusão e eles acabam ainda cruzando o caminho de um traficante de armas perigoso e um vereador vivido por Bruno Mazzeo.
É verdade também que esse monte de tramas se por um lado obrigam o filme a seguir um caminho episódico e um pouco monótono, por outro acaba emprestando um dinamismo que não permite que o filme siga apenas um ponto que, por não ser dos mais criativos (um assalto que dá errado), acaba mantendo o interessa do filme.
Isso e um punhado de diálogos interessantes com um timing acertado (que são escritos por Fábio Porchat, e não no roteiro de Alexandre Morcilo) fazem com que, mesmo diante de um punhado de atuações ruins (Danton, Mazzeo e Lúcio Mauro Filho são dolorosos) temperadas com um sotaque completamente horroroso de todos personagens (todos!), Vai que Dá Certo nem acaba sendo tão doloroso quanto se espera.
Uma qualidade que acaba saltando aos olhos diante de tantos péssimos exemplos que o cinema nacional vem se permitindo lançar somente em busca de bilheterias altas e algumas piadas pouco inspiradas. Um cenário atual que acaba refletindo em uma preguiça das produções que lotam as filas de cinema, mas que quase sempre apostam nas mesmas piadas rasas e bobas (que, logicamente, também dão as caras aqui) e que acabam fazendo com que filmes como Vai que Dá Certo não tentem ser mais do que poderiam ser.
idem, escrito por Maurício Farias, Alexandre Morcilo e Fábio Porchat , dirigido por Maurício farias, com Gregório Duvivier, Danton Mello e Fábio Porchat, Mauro Filho, Bruno Mazzeo e Natalia Laje
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