Vinyl

Vinyl

Não poderia ser diferente. Em um espaço onde rock e cinema devem andar de mãos dadas, impossível não falarmos de Vinyl, novo seriado da HBO em 10 capítulos, que conta com a direção e produção de Martin Scorcese, Mick Jagger, Rich Cohen e Terence Winter.

Buscando contar um pouco da história da indústria do vinil e do mercado fonográfico americano do começo dos anos 1970, a série encontra-se em seus segundo episódio e vem dando o que falar.

(trailer Vinyl)

É importante sublinhar uma coisa: Vinyl é a história da indústria da música, não é sobre música, não é um musical – apesar de longas intervenções musicais. É importante dizer isso pois muita gente vem reclamando sobre a abordagem da narrativa, mas esquecem que a coisa tem mais a ver com grana e negócios do que com guitarras e canções. De qualquer forma a música está lá, inclusive trazendo exclusividades em sua trilha, como esta versão de Julian Casablancas (The Strokes) fazendo “Run Run Run” de Lou Reed:

Em seu primeiro episódio, um piloto de 1h50m, Scorcese não economizou nos clichês, criando uma cruza entre as estéticas de seu filme The Wolf Of Wall Street (2013) e o livro Kill Me Please (1996, de Legs Mcneil e Gilliam McCain). Ou seja, cocaína, sexo, corrupção e música, tudo em tom exagerado – claro, é entretenimento, mas com boas referências históricas. Ficção e realidade se misturam, e mesmo em algumas personificações caricatas, como a de Robert Plant, os detalhes ganham destaque, como a reprodução de cenas clássicas do longa The Song Remains The Same na sequência em que o sósia de Plant é protagonista. Inclusive você deveria assistir o original. Está completo, aqui:

O The Song Remains The Same foi gravado em 73 e lançado no Brasil como Rock é Rock Mesmo (!!) na segunda metade dos anos 1970, e influenciou toda uma geração ao consumo de longas e shows de rock em VHS. Um clássico atemporal.

Voltando ao Vinyl. Além de Plant, personificações dos New York Dolls também dão as caras – mais convincentes que o Zep, além do personagem Kip Stevens, estrelado pelo filho de Mick Jagger, James Jagger, que é claramente baseado na figura de Richard Hell dos Voidoids. Hell inclusive detonou a produção da HBO em matéria publicada na Stereogum. Entre tantos argumentos, em resumo, a voz da blank generation achou tudo um tanto quanto exagerado, inclusive as reações do personagem principal ao consumir cocaína. Mas hey Hell, não é pra valer, é ficção ok?

Vale lembrar que Richard Hell protagonizou em 1980 seu próprio longa, versando também sobre esta geração ‘blank’, com produção e ponta de Andy Warhol como ator. O filme é um tanto raro, e conta com a direção de Ulli Lommel. Saca só o cara tocando a faixa título do filme no CBGB‘s com o bom e velho Marc Bell – que depois viraria Marky Ramone, na bateria em cena extraída deste longa:

A história de Vinyl começa em 1973, em Nova Iorque, o olho do furacão. A formação do punk, a cena do CBGB‘s, do Max Kansas City, o surgimento do KISS, a explosão da Disco Music, os primeiros passos do hip-hop, tudo isso e muito mais ainda deve (precisa) dar as caras na produção, mas se você quer se aventurar mais por esse recorte histórico, seguem algumas dicas de filmes que vem a somar para o entendimento do período e até mesmo ajudar o leitor a cutir melhor a série da HBO. Se liga só:

CBGB (2013)

O filme conta a história do clube nova iorquino CBGB‘s, uma espelunca onde a cena punk, new wave e avant garde da cidade cresceu e tomou forma.

Fácil e divertido como uma ‘Sessão da Tarde’, o filme dá uma idéia da cena local da época, mencionando nomes como os Ramones, Blondie, Talking Heads, Dead Boys e Television. Na formação, CBGB’s The Movie é a Caminho Suave da cena 70’s nova iorquina.

Studio 54 (1998)

Com Mike Mayers e Neve Campbel, este filme mostra a história de outro club de Nova Iorque, o Studio 54. Se de um lado o CBGB‘s era a casa do underground, o Studio 54 abrigava o mainstream, o glamour e o luxo da cena musical, da coluna social e a cena GLSBT da cidade.

Velvet Goldmine (1998)

Não tem erro: Velvet Goldmine é David Bowie e Iggy Pop no auge do glam rock. Brian Slade é uma clara alusão a Ziggy Stardust, e é ele quem nos guia em uma história de investigação que serve de fachada para viajarmos para as entranhas do glam rock 70’s.

Filme básico para se entender um pouco mais sobre ambos mitos tão essenciais para a cena musical e tudo que viria a surgir em NY circa 74/77.

Além dos filmes citados, a leitura obrigatória do supracitado Kill Me Please dão um panorama legal do que estava rolando na época naquela Nova Iorque que, em 1974 nos presenteou com esses quatro caras aqui que encerram nossa coluna:

E ah, aqui tem o primeiro episódio de Vinyl, completo, liberado pela HBO. Assista antes que saia do ar. Até a próxima!

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