Xamã Punk | Crítica do Filme

Xamã Punk | Quando o experimental vira sinônimo de qualquer coisa

Xamã Punk, de acordo com o diretor João Maia Peixoto, demorou oito anos para ser feito, contou com a colaboração criativa de muita gente e custou R$ 16 mil, usados com muito esforço. O resultado é uma série de gravações desfocadas retratando um futuro distópico que em nenhum segundo acreditamos ser verdade. Quando o experimental vira sinônimo de qualquer coisa.

Estamos 300 anos à frente. Um acontecimento traumático na humanidade fez com que algumas pessoas se escondessem nas cavernas. O filme começa com a narração de um descendente dessas pessoas, segurando uma lanterna que está funcionando mesmo depois de 300 anos. Ele é a pessoa corajosa que levará uma câmera ( …que também funciona depois de 300 anos), além do equipamento de som, para lá fora, percorrendo o desafio platoniano dos sonhos mais molhados de qualquer estudante de cinema.

Lá fora não há muita coisa. E por “coisa” quero dizer ideias. Há mulheres jovens perambulando pela floresta e pelas ruínas de um prédio. Os jovens que saíram, todos homens, não sentem o menor interesse biológico em suas pares. O tesão se revela como 100% construção social. As amarras da estrutura burguesa e capitalista da lógica racional estão oficialmente abolidas neste mundo pós-apocalíptico. A humanidade sobreviverá de maçãs que dão em cavernas, como a que um dos personagens come em cena.

Abordo a questão sócio-política porque ainda estão lá, pixado nos muros, por meio de dizeres anarquistas. O filme tem punk no nome, o que é evocativo. Os punks sobreviveram, passaram uma vez pela região e espalharam a palavra mística de um homo sapiens sapiens que coleta maçãs e grava vídeos experimentais em um Rio de Janeiro nublado.


“Xama Punk” (Rio de Janeiro/Br); dirigido por João Maia Peixoto


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