A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas liberou a listagem com seus 819 convites para profissionais passarem a fazer parte da organização, consequentemente, se tornarem votantes do Oscar. A boa notícia para o Brasil é que o país recebeu seis desses convites.
Dois deles para os indicados ao Oscar ano passado pelo documentário Democracia em Vertigem, os produtores Mariana Oliva e Tiago Pavan. Ainda no campo dos documentários, o outro convite foi para a diretora Julia Bacha de Budrus e “Naila and the Uprising”. Outro documentarista convidado foi o franco-brasileiro Vicent Carelli, de Martírio.
Entre os “convites brasileiros”, além do executivo da Netflix, Marcos Waltenberg, quem surge na lista é o diretor Otto Guerra, conhecido pelos seus trabalhos nas animações, Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock´n Roll, A Cidade dos Piratas e Até que a Sbórnia nos Separe.
Mas talvez a notícia mais importante seja o esforço da Academia para equilibrar a representatividade dos votantes ao Oscar. De acordo com o release oficial, a “classe de 2020” (os convidados) tem 45% de mulheres, 36% de “comunidades raciais/étnicas menos representadas” e 49% de votantes de 68 países diferentes. “Nós sempre abraçamos os talentos extraordinários que refletem a rica variedade de nossa comunidade global, e isso nunca foi tão grande quanto agora”, apontou o presidente da Academia David Rubin.
Entre os destaques dessa “classe de 2020” estão as atrizes Yalitza Aparicio, de Roma, a comediante Awkwafina, de “The Farewell” e do sucesso Podres de Ricos e Zazie Beetz, de Coringa. Ainda entre as mulheres, os destaques são as estrelas do último Exterminador do Futuro, Mackenzie Davis, a cubana Ana de Armas, de Entre Facas e Segredos, Cynthia Erivo, de Harriet, Zendaya Coleman, da série Homem-Aranha e as estrelas de Fora de Série, Kaitlyn Dever e Beanie Feldstein.
Ainda entre os atores, o destaque fica também com o convite para o elenco inteiro do ganhador do Oscar, Parasita.
Já entre os diretores, além do nomes de Matthew Vaughn (Kick-Ass) e Matt Reeves (Planeta dos Macacos: A Guerra, Deixe-me Entrar e Cloverfield), pula aos olhos a presença de Lulu Wang (“The Farewell”) e dos especialistas em terror Ari Aster (Hereditário e Midsommar) e Robert Eggers (O Farol e A Bruxa). Curiosamente, alguns nomes que já deviam ter sido indicados ao Oscar.
E por mais que esses números pareçam surpreendentes, são apenas um reflexo do crescimento do esforço da Academia para equilibrar sua lista de membros. Em 2015, a quantidade de mulheres convidadas era de 25% da lista, pulando para 33% em 2020.
O salto é maior entre os de “comunidades raciais/étnicas menos representadas”. Em 2015 era apenas 10% do acréscimo de membros, chegando a 19% em 2020, bem menos que os 39% atuais.
Ninguém tem dúvidas que os números ainda não são os melhores, assim como existe muito espaço para melhorias, mas com certeza é um passo importante da Academia para, quem sabe, um Oscar com mais cara de mundo real e não só à sombra do “Hollywood Sign”.