Tudo bem que Christopher Nolan e seu Cavaleiro das Trevas se tornou um clássico, mas em cinco minutos de LEGO Batman ¿ O Filme ele vira escárnio. Não só ele, durante toda trama, sobra para todos outras ¿crisezinhas¿ que o herói de Gotham passou (até ¿aquela esquisita de 1966¿). Tudo vira piada, e o resultado é o melhor filme no personagem no cinema.
Mas é lógico que essa posição é um escárnio, assim como todo o resto do filme (talvez só não maior do que aquele que Joel Schumacher fez), mas esse exagero e essa ridicularização só acontecem diante de uma capacidade enorme de entender o personagem. Deixando o exagero de lado, nunca o Batman foi tão bem caracterizado nos cinemas.
De cara, seu mau humor e perspicácia animam os créditos iniciais, o que já torna a experiência impagável. Já no filme, depois de mais um plano que dá errado, Batman e o Coringa tem uma espécie de DR que faz o vilão descobrir não ser o arqui-inimigo do herói o que o coloca em uma depressão que o inspira a um plano maior ainda. Do outro lado, Batman se descobre solitário e acaba adotando um órfão, Dick Grayson, que acaba se tornando o Robin.
Mas a estrela de LEGO Batman é mesmo seu humor. Não preço que pague conseguir dar risada de todo e qualquer dogma do personagem em suas décadas de existência. Como se entendesse tanto o Batman como todos seus coadjuvante de modo tão certeiro que consegue exagerar todos na medida suficiente para que tudo se torne hilário.
E muito disso vem das experiências das cabeças por trás da animação. Chris McKay dirige o filme depois de mais de 40 episódios do completamente maluco Frango Robô. Já o roteiro, começa por Seth Grahame-Smith, autor das obras originais de Abraham Lincoln Caçador de Vampiros e Orgulho e Preconceito e Zumbis, sem contar mais um trio com coisas como as séries Community e American Dad no currículo. Resumindo, muita gente que sabe exatamente o que fazer para desconstruir e morrer de dar risada da cultura pop.
Cínico e bizarro, LEGO Batman passa então por um plano tão maquiavélico do Coringa que envolve alguns dos maiores vilões da Warner, como Sauron, Valdemort, Bruxa Má do leste (e seus macacos voadores) e até o King Kong, entre muitos outros. Já o Batman… bom o Batman não precisa de ninguém e esse é o maior problema dele, já que precisa descobrir que não está sozinho. E nem pensar em um alianças com seus inimigos, já que como ele diz, ¿usar criminosos para caçar criminosos é uma péssima ideia¿.
É lógico que o visual dos bonequinhos e do mundo de montar do LEGO ajudam a cria uma experiência mais divertida ainda. Os efeitos sonoros dos tiros ¿com a boca¿ e um ¿ploc¿ final dos bonequinhos se encontrando são deliciosos.
Mas tudo isso não seria suficiente sem um roteiro inteligente e que entrega algumas linhas de diálogo que já entram para a mítica do personagem, que, por exemplo, não consegue responder porque não se chama ¿Batboy¿ se faz questão de batizar sua recém parceira do combate ao crime como ¿Batgirl¿.
Completando, LEGO Batman ¿ O Filme ainda é uma aventura de mão cheia, com sequências de ação inspiradas, uma câmera preparada para seguir esse ritmo e o excelente uso das possibilidade que uma animação permite (ângulos e movimentos que seriam impossíveis de outro jeito).
E se o Batmóvel brecar e você voar para frente, lembre que ¿a vida não te dá cinto de segurança¿. E se isso não parece fazer sentido, lembre que essa frase é boa demais para não usá-la no texto e depois no título, já que como o Batman concordaria, um bom filme sempre começa com uma tela preta e um bom texto sempre tem um título melhor ainda.
“The LEGO Batman Movie” (EUA, 2017), escrito por Sethe Grahame-Smith, Chris McKenna, Jared Stern e John Whittington, dirigido por Chris McKay, no original com vozes de Will Arnett, Michael Cera, Rosario Dawson, Ralph Fiennes, Zach Galifianakis e Siri