Por mais de uma década Peter Berg foi um ator coadjuvante daqueles com cara de conhecido, mas que ninguém sabia direito o nome. Na sequência de sua carreira decidiu ir para trás das câmeras, realizou a divertida comédia de humor negro Uma Loucura de Casamento, mas foi só dez anos depois que dirigiu O Reino e se transformou em um daqueles diretores que Hollywood confia dezenas de milhões para algum filme de ação. O Grande Herói ainda é um reflexo disso.
Bem verdade entre o interessante thriller de ação O Reino e agora, Berg se aventurou por Hancock e pelo desastroso Battleship ¿ A Batalha dos Mares, ambos bem aquém das qualidade do diretor, que se mostra muito mais a vontade com os pés no chão e personagens reais. Como os ¿Navy Seals¿ do marinha americana que protagonizam esse novo filme.
E se você não sabe quem são os tais de ¿Navy Seals¿, não se preocupe, O Grande Herói começa te mostrando-os. Foca em imagens reais de um treinamento que deixa as aulas do Capitão Nascimento com cara de férias no lago. E dele saem os melhores no que fazem, saem também de lá como uma família. É essa honra e irmandade que empurra a história desses quatro soldados que estão em uma missão de reconhecimento no meio do Afeganistão onde, simplesmente, tudo dá errado. Literalmente tudo.
Berg, a partir do livro escrito por um dos quatro soldados (que no filme é vivido por Mark Wahlberg) então faz um filme tão imediatista que o melhor mesmo é parar a sinopse por ali. Basta dizer que durante um bom tempo do filme eles estarão em uma mesma sequencia, e você dentro do cinema torcerá por cada passo deles.
E não por pura patriotada, mas sim por que o diretor/roteirista faz o mesmo que em O Reino: prepara bem a ação. Nesse caso ela demora muito menos tempo para começar, mas quando ela tem início você conhece perfeitamente bem não só cada um dos protagonistas como a maioria dos soldados que permaneceram aquartelados. E isso em um primeiro momento econômico e bem focado. Já que é óbvio que o interesse de todos é a ação. E isso Berg faz bem.
O diretor então não perde um só ângulo, se movimenta bem em meio aos tiros, sabe valorizar cada um dos quatro bons atores e acompanha cada tombo, tiro e machucado de modo dolorido e eficiente. Não só isso, ainda parece preocupado em valorizar a presença de cada um deles de modo emocionante. Acompanhar cada arco até seu fim (obviamente o ¿Herói¿ do título estar no singular diz muita coisa) é sofrer com eles cada perda e cada morte. Não só isso, cada perda é um evento, então nada de se despedir do filme sem o devido valor, o que torna cada um desses, momentos dolorosos e que perseguirão o espectador até depois do final do filme.
Isso, e um ritmo tão absurdamente frenético que só deixará o espectador voltar a respirar normalmente lá para perto do do final do filme, onde, logicamente, tudo ganha um pouco de calma e Berg faz uma espécie de ¿mea culpa¿, afinal existem afegãos bonzinhos, e é por eles que os Estados Unidos está lutando. Mas ainda assim, discute não só esse tipo de situação como o pequeno conflito ideológico que coloca os personagens nessa situação sem julgar qualquer um dos lados (bom, a não ser o do vilão, esse é vilão mesmo e ponto final). É o espectador que julga, mas o heroísmo e a honra são tão maiores que isso, que é impossível culpar algum deles pela decisão (que, convenhamos, foi a acertada, ainda que para o azar deles).
Enfim, O Grande Herói é então um dos bons filmes de ação que o cinema produziu nos últimos tempos, eficiente, heroico, com boas atuações e um diretor que mostra que, enquanto não está brincando de batalha naval nem contando histórias de super-heróis, pode se considerar um dos mais interessante dentro do gênero na atualidade.
¿Lone Survivor¿ (EUA, 2013), escrito por Marcus Luttrel & Patrick Robinson (livro) e Peter Berg, dirigido por Peter Berg, com Mark Wahlberg, Taylos Kitsch, Emile Hirsch, Ben Foster e Eric Bana
2 Comentários. Deixe novo
Valeu “Anônimo”! Corrigido! E volte sempre, mesmo sem sua personalidade…
Os navy Seals são da marinha americana e não do exército, por isso o “Navy” primeiro