Não que os 115 minutos de Ted 2 não precisassem existir, mas talvez se fossem 90, ou 80, talvez até 70 e poucos, quem saísse de dentro do cinema o faria muito menos chateado com essa continuação do sucesso de dois anos atrás.

Enquanto tudo no primeiro ainda era uma novidade, com esse ursinho de pelúcia malcriado que usa drogas, gosta de prostitutas e tem um poder enorme de ser um mal caráter, o segundo nem ao menos se esforça para repetir as mesmas piadas (o que já seria um problema). Ted agora está mais humano, mas os problemas que veem com isso são muito menos interessantes do que eram.

Nele, o ursinho se casa, mas depois de um tempo vê sua vida se transformar em uma crise (real demais e white trash suficiente para incomodar ao invés de divertir). A solução para isso surge na figura de uma possível gravidez, mas antes disso precisa provar que é um ser humano, e não um bem.

Tudo bem que essa “descoberta” do rumo da trama só acontece bem depois de uma série de gags pouco interessantes envolvendo o eterno Flash Gordon, Sam J. Jones, um quase estupro em Tom Brady, e um monte de semem sobre Mark Wahlberg (ok… a piada da clínica de fertilziação é boa, e acho que ninguém até hoje tinha tido coragem de contá-la, o que é um ponto positivo para Ted 2).

Enfim, Ted e seu melhor amigo, John (Wahlberg), partem nessa jornada judicial para provar a humanidade do urso, com eles ainda está a jovem advogada maconheira vivida por Amanda Seyfried e seus enorme olhos (Gollum?). No resto do tempo, Ted 2 conta uma piada de cada vez sem se preocupar muito com o andamento do filme, um pouco parecido com o que o criador do filme, Seth McFarlane, já faz em sua série de TV, Uma Família da Pesada. A diferença lá é a duração do episódio e os risos no resto do tempo.

Ted 2 Crítica

Piadas como a da presença deles em uma noite de standa-up comedy acabam funcionando perfeitamente bem (mesmo em todo seu humor politicamente incorreto), assim como algumas ótimas piadas igualmente pesadas que são encaixadas no meio de verborragias dos personagens, mas existem momentos, como o da presença de Liam Neeson, que simplesmente não funcionam. Curiosamente outras duas piadas envolvendo pedofilia encontram seu espaço justamente no meio de mais um monte de loucuras caóticas, bem diferente de ficar tempo demais olhando para alguém com um distúrbio de comportamento.

E falando de “distúrbio comportamental”, chega a ser doloroso o quanto o personagem de Mark Wahlberg perde a mão e se mostra muito mais um completo idiota do que uma pessoa real. O que é incrível, já que ele consegue, assim como o próprio Ted, terem momentos de genialidade ao mesmo tempo que desperdiçam de seus talentos (ok, Ted é gerado por computador, mas McFarlane se deu muito bem no primeiro).

E Ted 2 continua investindo em um humor sem risos enquanto dubla a abertura de Lei e Ordem, ao mesmo tempo que sutilmente, em uma passagem rapidíssima, ri de Jonah Hill sendo apresentado como novo Superman. Uma combinação de momentos longos demais que não tem a menor graça e passagens extremamente sutis e rápidas onde moram as verdadeiras gargalhadas e algumas ótimas referências à cultura pop.

Um desiquilíbrio que marca demais o filme e cansa quem queria um pouco mais do caos do primeiro e não uma trama que se arrasta sem muito objetivo por tempo demais, ainda que seja a oportunidade de ver Morgan Freeman contracenando com um urso e ainda assim fazendo um bom trabalho.

Infelizmente, Freeman está em muito poucos minutos desses 115 totais.


“Ted 2” (EUA, 2015), escrito por Seth MacFarlane. Alec Sulkin e Wellesley Wild, dirigido por Seth MacFarlane, com Mark Wahlberg, Seth MacFarlane (voz), Amanda Seyfried, Jessica Barth, Giovanni Ribisi e Morgan Freeman


Trailer – Ted 2

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