É realmente difícil de entender como Fúria de Titãs, remake medonho do clássico de 1981 e que foi lançado nos cinemas dois anos atrás, pode ter conseguido emplacar uma sequência. Ainda mais quando o resultado consegue ser tão ruim quanto Fúria de Titãs 2.
Talvez fosse a chance de corrigir alguns erros, mas não, o que se vê aqui é um desfile, mais imbecilizado ainda, por toda mitologia grega. Nele, Perseus (Sam Warthington) agora tem que largar a vida de pescado junto ao filho para salvar o mundo de Cronos, o titã pai de Zeus (Liam Neeson) que foi libertado da prisão do Tártaro e promete acabar com o mundo, logicamente, com a ajuda de seu filho Hades (Ralph Fiennes).
Portanto, em primeiro lugar, é difícil até acreditar que tamanha simplicidade narrativa possa ganhar vida, já que o roteiro escrito por David Johnson (de A Garota da Capa Vermelha), Dan Mazeau e Greg Berlanti (do texto de Lanterna Verde) nem ao menos se esforça para que tudo aconteça com um pouco mais de sentido. E se no primeiro plano do filme, em um pequeno retrospecto do primeiro, parece aceitar sua simplicidade (em dois desenhos ele explica tudo que aconteceu) no resto do tempo nem se importa de chupinhar aquilo que já foi (mal) feito. Pior ainda, diante de uma enorme falta de motivação, Perseu percorre Fúria de Titãs 2 como se estivesse dentro de um jogo (vagabundo) de videogame.
“Sua humanidade lhe dá a força e com isso deve enfrentar Cronos” é o bastante para Perseu achar que seria importante fazer algo, e mesmo assim, ao resolver ignorar o chamado do pai, ainda é obrigado a voltar a pegar sua espada quando sua vila é, cirurgicamente, ameçada por uma Quimera (coincidência demais, ou Zeus mexendo alguns pauzinhos?), mas não importa, isso é suficiente para que Perseus então suba em seu Pégasu (que, por incrível que pareça é usado como alívio cômico) e vá em busca dessa arma de matar deuses, que ao melhor jeitão videogame é uma junção de outras três, o que lhe dá então três chefões, e algumas fases para percorrer.
O desprezo narrativo é tamanho que diminui Zeus a uma versão quase mundana e boba da sempre pedante personificação do Deus do Olimpo, como se aqui tivesse humildade suficiente para ir pedir ajuda para o filho (com o qual parecer ter melhorado bem sua relação desde o primeiro) e, no resto do tempo, ser derrotado por todos que resolve enfrentar.
E a falta de respeito consigo mesmo (como filme) é tão grande, que Fúria de Titãs 2 tem a coragem de trazer de volta a personagem de Andrômeda, que no primeiro (bem diferente do original) foi ignorada pelo protagonista, mas agora volta a ser uma espécie de interesse romântico de Perseu, já que sua esposa, Io, faleceu (leia-se aqui a atriz Gemma Aterton pulou fora do barco) e deixou-o livre e desimpedido. O retrato óbvio de uma produção feita às pressas, já que, assim como Andrômeda agora é vivida por Rosamund Pike (e no anterior por Alexa Davalos), sua função dentro do filme, praticamente, não condiz com o primeiro e o tal romance nem sequer é sugerido durante todo filme a não ser nos momentos finais em que ocorre um beijo.
De bom em Fúria de Titãs 2, talvez só uma leve preocupação maior com o visual das criaturas que esbarram com Perseu e sua trupe, que além de Andrômeda, ainda conta com a presença do herdeiro de Poseidon, Agenor (Tobby Kebbell, de RocknRolla”). Uma melhora que, infelizmente, acaba mostrando uma enorme fragilidade da direção de Jonathan Liebesman (do recente Invasão do Mundo: Batalha Los Angeles).
De um lado, o diretor sul africano (que estreou em Hollywood com o remake de O Massacre da Serra Elétrica) consegue preparar bem a aparição de todas criaturas em CGI, o que valoriza ainda mais o trabalho eficiente dos efeitos especiais, mas assim que as batalhas e lutas começam, Liebesman, talvez diante da tentativa de criar algum tipo de personalidade (além de promover um momento vexatório, colocando o espectador na perspectiva de um Ciclope), cola demais sua câmera na ação e embola tudo, desperdiçando algumas boas intenções e, praticamente, renegando a presença do coitado do minotauro (que apanha de dez entre dez semideuses do cinema), que demora até para ser reconhecido e talvez só o faça por se tratar de uma cena em um labirinto.
E em um verdadeiro samba-do-criolo-doido mitológico, Fúria de Titãs 2 é então só uma copia canhestra do primeiro, com menos vida ainda (e menos respeito pela famosa corujinha do original) e com a pretensão de acabar com o politeísmo (tenho até medo de saber o que será de um terceiro filme) e, mais ainda, sujar a imagem romântica daquele Perseu vivido por Harry Hamlin naquele mundo maravilho em stop motion criando por Ray Harryhausen.
Wrath of the Titans (EUA, 2012) escrito por Dan Mazeau, David Johnson e Greg Berlanti , dirigido por Jonathan Liebesman , com Sam Warthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes, Edgar Ramírez, Toby Kebbell , Rosamud Pike e Bill Nighy.
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3 Comentários. Deixe novo
O que eu acho bacana é o desenho do filme
oie!!!
Bom Fúria dos Titãs 2 pra mim não foi o q muitos esperavam,uma mistura de fatos da mitologia uma certa contrariedade aos helenístas; Não é uma obra para realçar e manter a mitologia mais algo para o público adolescente pois mistura outras histórias já vistas e inclusive faz de Perseu uma similar do Kronos de Gold of Wear. TOTAL PERCA DE EXPECTATIVAS!!!!!!!
A espera por algo minucioso com uma narração idêntica ou melhor que o 1° fez q o nível da obra da Warner seja alvo de críticas piores.O objetivo nao foi concluido mais certas contradições tão bobas um exército de humanos para enfrentar um deus ISSO É UMA VERDADEIRA OBRA MAL PLANEJADA E COM O NÍVEL DE NARRATIVA MUITO BAIXO
olá! Essa continuação ainda é um pouco fraca, quero dizer, os atores não convencem em seus papéis….não sei se pq sou chato, mas tenho a sensação de que “eles” não se deram conta de que estão fazendo um filme sobre MITOLOGIA GREGA e não sobre OS AMERICANOS. O primeiro foi a mesma coisa, atores bons mas que não convenciam nos papéis principais….ao menos essa continuidade tem mais ação que o fraquíssimo primeiro FÚRIA DE TITÃS. Não esperem muita coisa dessa sequência, pois a mesma falta convicção continua, onde a única coisa que importa é :”VAMOS PARTIR PRA AÇÃO” e, é claro mostrar os monstros mesmo que para isso não seja importante elaborar o início nem o meio da história e sim ir logo pro fim… pra AÇÃO. É uma pena…mas “FÚRIA DE TITÃS 2” não convence em nada e continua a mesma coisa do primeiro OS ATORES, ROTEIRISTAS E DIRETOR estão PERDIDOS na MITOLOGIA GREGA. Abraços.