Chegou a hora mas esperado do começo do ano, hora de escolher os melhores filmes visto no ano anterior. A boa notícia é a de um 2023 com filmes que superaram expectativas, tanto em termos de qualidade, quanto de bilheterias. Um ano onde o público parece estar voltando aos cinemas, ainda meio aos poucos, mas já de modo muito mais empolgante.
Um ano também onde começa a ficar impossível simplesmente ignorar o poder dos streamings, da TV, das janelas de exibição mais curtas e, consequentemente, dos modos menos oficiais de alcançar uma ou outra produção. Em razão disso, a lista do CinemAqui agora passa a englobar os filmes pela data de seu lançamento oficial, não só a partir de seu lançamento em circuito comercial do Brasil.
Uma decisão que coloca as escolhas muito mais em sintonia com um retrato real do cinema no ano anterior. É lógico que isso pode deixar alguns filmes em uma espécie de limbo entre listas, já que não conseguiram ser assistidos antes do final da lista por inúmeras razões, por isso, o final das escolhas vêm com essa sessão especial.
Sobra a quantidade e ordem das escolhas, são 15, pois é melhor sobrar do que faltar e estão em ordem alfabética, porque são filmes que não lutaram entre si para encontrarem um lugar, mas sim estão na lista por serem eles mesmos. Nem melhor e nem pior que o vizinho, mas sim únicos e que representam uma pontinha do ano de 2023 e precisam ser lembrados por isso.
Anatomia de Uma Queda (crítica)
Um filme que não sai da sua cabeça. Quanto mais o tempo passa, mais você vai se perguntar o que realmente aconteceu e como você se posiciona dentro daquela história. Um roteiro espetacular misturado com uma direção absolutamente precisa e um elenco poderosíssimo.
Os Assassinos da Lua das Flores (crítica)
Martin Scorsese em mais um filme que extrapola qualquer expectativa. Um desfile de capacidade cinematográfica. Uma obra de arte que faz o espectador estar tão perto dos personagens e da história que chega a ser doloroso ver o caminho que a história pega. Um filme poderoso, humano, sofrido, ágil quando precisa e calmo quando tem que ser. Deslumbrante, violento e lindo.
Poderia ser um filme só sobre uma boneca, mas é muito mais do que isso. Discute o mundo que vivemos com bom humor, acidez, cara de pau e uma vontade enorme de ser o filme do ano. Elenco afiado, roteiro inteligente e uma delicadeza que se deixa ser o combustível de toda maluquice. Um filme gigante e que faz pensar.
Camaleões (crítica)
Mesmo passando despercebido par muita gente, o filme da Netflix é um daqueles exemplos de suspense que aposta em uma espécie de estudo de personagem, mesmo que diante de alguém com falhas, dúvidas e fraquezas. Uma trama forte e visceral que não tem medo de ser dolorosa, tudo isso coroado com uma atuação incrível do sempre habilidoso Benicio Del Toro.
Close*
Mesmo lançado no finalzinho de 2022 em algumas praças pelo mundo e depois de ter passado em tudo quanto é Festival no mesmo ano, chegou na maioria dos lugares em 2023, então é um tiquinho de roubo para entrar na lista. Mas o que importa é que é um dos filmes mais emocionais, poderosos, tristes e humanos que você verá nos últimos anos. Então é melhor que ele seja sempre indicado.
Godzilla Minus One (crítica)
Parece um Monstro gigante, mas é uma metáfora muito maior. Isso embalando um filme empolgante, com um visual divertido e um presente para os fãs do personagem.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (crítica)
Se a ideia era ir além do primeiro filme e criar uma experiência ainda mais impressionante, o resultado é ainda maior e melhor. Tanto em termos de direção de arte, com ainda mais espaço para criar mundos, quanto com um roteiro que chega em um espaço de humanização do personagem que extrapola completamente qualquer coisa esperada. Sem contar é claro, a presença ainda mais aprofundada da ótima Gwen Stacy e, obviamente, de cenas de ação que são algumas das coisas mais empolgantes do ano.
John Wick 4: Baba Yaga (crítica)
Falando em cenas de ação empolgantes… Mas não só isso, tudo no quarto filme funciona e se mostra uma evolução estética, narrativa e conceitual de tudo que já tinha sido feito. Se esse é o fim da série, seria impossível fechá-la de jeito mais merecido e incrível.
Ninguém vai te Salvar (crítica)
Uma lista de Melhores Filmes do ano sem um terror seria um desperdício. Nesse caso, um terror que encontra um lugar inesperado para contar a história dessa invasão alienígena. Esse lugar é o ponto de vista dessa jovem que parece ter muito a perder e não irá descansar enquanto não sair dali viva. Mesmo que o “viva” seja apenas um ponto de vista diante da culpa e arrependimento que a move. Sim, parece ser só mais um filme de terror, mas tem muito mais coisa envolvida.
Oppenheimer (crítica)
Falem o que quiser, mas Oppenheimer disputou o espaço de “Filme do Ano” com Barbie e não fez feio. Tanto nas bilheterias, quanto nessa vontade de carregar o espectador do cinema para um novo mundo. A direção de Christopher Nolan é embasbacante, forte, precisa e não tem medo de se esconder por trás das necessidades dessa história. Pode até ser mais um filme frio e sem sentimentos do diretor, mas a força de sua técnica e a sua vontade de ser gigante o colocará na história do cinema.
Os Rejeitados (crítica)
Triste, duro e cheio de esperança, mas, ao mesmo tempo, frustrante e fragilizado. Mais um filme do cineasta Alexander Payne que consegue ser tudo isso enquanto é uma experiência única em termos estéticos e narrativos. Nada é parecido com Os Rejeitados, assim como é difícil demais se desprender dos três personagens principais e suas dores.
Retratos Fantasmas
Poderia ser só um documentário pessoal sobre a vida do diretor Kleber Mendonça Filho, mas vai além. Busca as respostas na sala de sua casa, no seu prédio, na rua, bairro e cidade, como um zoom que vai abrindo enquanto você enxerga sua paixão pelo cinema. Uma paixão dele que poderia ser a de qualquer um. Um filme pessoal que se tornar global.
Sequestro do Voo 375 (crítica)
Um filme brasileiro com pretensões. No melhor dos sentidos. Uma produção caprichada, cheia de efeitos especiais, uma história empolgante e tensa, personagens divertidos e soluções empolgantes. Tudo isso em um “filme de gênero”, daquele cheio de clichês e certezas, mas com uma personalidade brasileira e só nossa.
Os Três Mosqueteiros: D´Artagnan
Mesmo diante de décadas e mais décadas de adaptações do livro de Alexandre Dumas, não é difícil achar que essa nova tentativa de levar à obra aos cinemas seja a melhor, mais fiel, mais interessante e mais caprichada. Isso combinado a uma direção inspirada com cenas de ação de tirar o fôlego e uma direção de arte que acerta em cheio na ambientação e no visual.
Um filme sobre uma paixão que é maior do que qualquer tipo de amor ou relação. Uma história romântica sobre decisões e caminhos tomados, mas com uma delicadeza e uma força que demonstram o quanto é possível ainda fazer algo diferente mesmo dentro de um gênero tão batido e óbvio.
Limbo 22/23 (ou “Filmes que só estrearam no Brasil em 2023, mas são de 2022 e não devem ser esquecidos”)
Fabelmans (crítica)
Um verdadeiro tratado sobre amor ao cinema. Uma experiência pessoal, emocionante e emocional. Uma tentativa de Steven Spielberg de contar sua própria história, mas do jeito que ela merece ser contada: através de um filmão.
Entre Mulheres
Cada linha de diálogo, ideia, reviravolta e personagem são tão bem construídos e colocados em cena que é difícil acreditar que aquilo tudo fique tão bem em pé em termos de discussão contemporânea de uma sociedade inteira além daquele vilarejo. Um filme que parece ser pequeno, mas é grande do tamanho de um mundo inteiro.